De Marco Paulo a Eriksson. As personalidades que nos deixaram em 2024

Recorde algumas das figuras públicas mais incontornáveis que morreram em 2024 e que inscreveram os seus nomes na história — das artes ao desporto, da política à física.

20 dez, 2024 - 06:39 • Marta Pedreira Mixão



óbitos 2024 Imagem: Lusa e EPA, com edição de Rodrigo Machado
 

Marcaram-nos pelo seu talento, pelos mundos que imaginaram — e que generosamente nos ofereceram, alargando os nossos —, pela coragem e pelo exemplo, pelo génio ou pela controvérsia. Da música ao cinema, passando pela literatura, política ou desporto, 2024 viu desaparecer muitos dos que gravaram os seus nomes na história.

Nos 12 meses que agora se completam, os seus rostos fizeram capas de jornais, motivaram extensos obituários e encheram os "feeds" das redes sociais. A Renascença recorda os que mais se destacaram, numa lista que seria sempre incompleta.


Navalny já não saiu da Sibéria: morreu o maior opositor de Putin

Alexei Navalny

Navalny morreu a 16 de fevereiro. De acordo com a versão oficial das autoridades russas, o dissidente — que estava detido numa prisão da Sibéria a cumprir uma pena de 30 anos — sentiu-se mal depois de uma caminhada. Aos 47 anos, desapareceu o maior rosto da oposição ao regime de Vladimir Putin.

Alexei Navalny destacou-se durante os protestos de 2011 e 2012, motivados por alegações de fraude eleitoral na Rússia, e foi responsável pela denúncia de casos de corrupção que envolviam o governo, o que o tornou num dos principais alvos do Kremlin.

No verão de 2020, foi vítima de envenenamento enquanto regressava de avião da Sibéria, tendo sido posteriormente transferido para a Alemanha para ser tratado. Recusou o exílio. Foi aquando do seu regresso à Rússia, meses depois, que acabou por ser preso.


"Deram-me mais do que pensava que ia receber". Os muitos testemunhos de Marco Paulo na Renascença

Marco Paulo

Marco Paulo, nome artístico de João Simão da Silva, morreu a 24 de outubro, aos 79 anos, vítima de cancro.

Para a história, Marco Paulo deixou um legado musical de mais de cinco décadas, tendo sido o único português com um disco de diamante e o quinto com mais álbuns vendidos.

Ao todo, vendeu mais de cinco milhões de exemplares e, durante os anos 80 e 90, editou quase um disco por ano.

Alguns dos seus temas mais conhecidos são "Ninguém, ninguém" (1978), que vendeu 85 mil cópias, "Eu tenho dois amores" (1980), "Sempre que brilha o sol" (1988) ou "Joana" (1988) e "Taras e manias" (1991).


Carl Weathers
 

Carl Weathers, o Apollo Creed de "Rocky"

Conhecido pela personagem Apollo Creed, que contracenou com Sylvester Stalone na saga "Rocky", Carl Weathers morreu a 1 de fevereiro. Tinha 76 anos.

Com uma longa carreira, que teve inicio na década de 70 do século passado, Weathers também participou em séries televisivas como "Good Times", "Kung Fu", "S.W.A.T, "The Six Million Dollar Man", "Cannon", "McCloud" e, mais recentemente, em "The Mandalorian", uma história paralela de "A Guerra das Estrelas".


50 anos depois, Celeste voltou a distribuir cravos. Foto: Exército Português
50 anos depois, Celeste voltou a distribuir cravos. Foto: Exército Português

Celeste Caeiro

Mais conhecida por “Celeste dos Cravos”, Celeste Caeiro morreu a 15 de novembro, com 91 anos.

Celeste foi a responsável por transformar o 25 de Abril na “Revolução dos Cravos”, ao distribuir estas flores pelos soldados que que derrubaram a ditadura do Estado Novo. Os fotógrafos registaram para a posteridade o momento em que soldados colocaram as flores nos canos das espingardas.


Morreu o ator James Earl Jones Foto: Carlo Allegri/Reuters
Morreu o ator James Earl Jones Foto: Carlo Allegri/Reuters

James Earl Jones

O ator norte-americano James Earl Jones, que emprestou a voz a Darth Vader no cinema, morreu a 9 de setembro. Tinha 93 anos.

A lenda do teatro norte-americano também deu voz à personagem Mufasa no filme "O Rei Leão".

A sua estreia cinematográfica deu-se em 1964, sob a direção de Stanley Kubrick, com o papel de Lt. Lothar Zogg em "Dr. Estranho Amor".

Ao longa de uma longa carreira, contracenou ainda com Arnold Schwarzenegger em "Conan - o Bárbaro", com Eddie Murphy em "Um Príncipe em Nova Iorque", com Sean Connery em "Caça ao Outubro Vermelho" e Kevin Costner em "Campo de Sonhos".


Maggie Smith. Foto: Reuters
Maggie Smith. Foto: Reuters

Maggie Smith

A atriz, conhecida sobretudo pelos papéis de Minerva McGonagall em "Harry Potter" e de Condessa de Grantham na série "Downton Abbey", morreu a 27 de setembro. Tinha 89 anos.

Com uma longa carreira no teatro, cinema e televisão, participou em mais de 60 filmes e 70 peças, tendo vencido dois Óscares da Academia, cinco BAFTA, quatro Emmy, três Globos de Ouro, um Tony (teatro musical) e seis Laurence Olivier (teatro britânico).

Maggie Smith recebeu a primeira nomeação para um Óscar na categoria de Melhor Atriz Secundária, em 1965, por "Othello". A primeira vitória veio, contudo, quatro anos depois, quando foi distinguida como Melhor Atriz por "Quando a Primavera acaba", em que interpretou o papel de Jean Brodie.


Fausto. Foto: Wikipedia
 

Fausto Bordalo Dias

O cantor e compositor Fausto Bordalo Dias morreu a 1 de julho, "vítima de doença prolongada", aos 75 anos.

Em Angola, fundou a primeira banda — "Os Rebeldes" — e, em maio de 1974, foi um dos fundadores do Grupo de Ação Cultural (GAC), com José Mário Branco, Afonso Dias e Tino Flores.

Da mais de uma dezena de álbuns editados destaca-se, por exemplo, "Por Este Rio Acima", com temas como "O barco vai de saída", "Como um sonho acordado" ou "A guerra é a guerra".

A adesão ao movimento associativo aproxima-o de compositores como José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Manuel Freire, José Mário Branco e Luís Cília.


Liam Payne, ex-membro do One Direction, morreu após cair do terceiro andar. Foto: Neil Hall/Reuters
 

Liam Payne

Antigo vocalista da banda One Direction, Liam Payne morreu a 16 de outubro.

O cantor de 31 anos caiu do terceiro andar de um hotel em Buenos Aires, na Argentina.

O compositor inglês, natural de Wolverhampton, alcançou a fama com a banda One Direction, criada depois da sua prestação no programa de talentos The X Factor.


Realizador António-Pedro Vasconcelos morre aos 84 anos Foto: José Sena Goulão/Lusa
Realizador António-Pedro Vasconcelos morre aos 84 anos Foto: José Sena Goulão/Lusa

António-Pedro Vasconcelos

O realizador português António-Pedro Vasconcelos morreu a 5 de março, com 84 anos, a poucos dias de completar o seu 85.º aniversário.

Foi uma das figuras da "segunda geração" do Novo Cinema, um movimento vanguardista do cinema português que surgiu em pleno Estado Novo e que pretendia romper com as produções promovidas pelo regime.

Ao longo da carreira na sétima arte, realizou mais de uma dezena de longas-metragens e ainda alguns documentários. Entre alguns êxitos destacam-se os sucessos de bilheteira "O Lugar do Morto" (1984) e "Jaime" (1999), também premiado no Festival de Cinema de San Sebastián.

Vencedor de múltiplos Globos de Ouro e prémios Sophia, foi ainda distinguido em 2020 pela Academia Portuguesa de Cinema com um prémio de carreira.

Como fervoroso benfiquista, integrou o programa de debate desportivo "Trio d'Ataque", da RTP, que abandonou em 2011.

Em 1992 foi condecorado com a Ordem do Infante D. Henrique pelo então Presidente da República, Mário Soares, para quem tinha feito os tempos de antena.


Foto: Reuters
Foto: Reuters

Quincy Jones

O compositor e produtor norte-americano morreu a 3 de novembro, aos 91 anos.

Quincy Jones foi do Jazz à Pop e ficou conhecido por, entre outras coisas, ter produzido os icónicos álbuns "Thriller" ou "Bad", de Michael Jackson.

Colaborou também com estrelas como Frank Sinatra, Ray Charles ou Ella Fitzgerald, compôs as bandas sonoras de "Roots" e "In the Heat of the Night".

Foi responsável pela gravação do icónico tema "We Are the World", canção composta por Michael Jackson e Lionel Richie, em 1985, e interpretada por alguns dos maiores artistas dos anos 80, com o objetivo de angariar fundos para combater a fome em África.

Quincy Jones foi também o terceiro artista com mais Grammys de sempre (28), num total de 80 nomeações ao longo da carreira.


Foto: Peer Grimm/EPA
Foto: Peer Grimm/EPA

Franz Beckenbauer

Conhecido como "Kaizer", o antigo jogador e treinador alemão Franz Beckenbauer morreu a 7 de janeiro. O defesa que tratava a bola com carinho, tinha 78 anos.

É considerado um dos maiores nomes do futebol e começou a sua carreira no Bayern de Munique (1963/64), clube que representou durante 14 épocas — somando um total de 584 jogos e 74 golos marcados —, até rumar ao New York Cosmos, dos Estados Unidos, onde partilhou o balneário com Pelé.

Depois de quatro anos com os norte-americanos, regressou à Alemanha, para jogar, por dois anos, no Hamburgo.

O seu currículo como jogador soma duas Bolas de Ouro, um Europeu, um Mundial e três Ligas dos Campeões. Beckenbauer foi um de apenas três homens a conquistar o Mundial como jogador e treinador.


O.J. Simpson em liberdade condicional (foto de Julho 2017) Foto: Jason Bean/Reno Gazette/EPA
O.J. Simpson em liberdade condicional (foto de Julho 2017) Foto: Jason Bean/Reno Gazette/EPA

O.J. Simpson

O ator e ex-jogador de futebol americano O.J. Simpson morreu a 11 de abril, com 76 anos. Lutava contra um cancro da próstata desde fevereiro.

Tornou-se conhecido graças à sua carreira desportiva e também no cinema, mas ficou ainda mais famoso com o processo judicial que enfrentou.

Em 1994, O.J. foi acusado do homicídio da sua ex-mulher, Nicole Brown, e de Ronald Goldman. Ao ser abordado pela polícia em casa, tentou escapar, dando lugar a uma das mais famosas perseguições de automóvel da história: durante duas horas, o mundo assistiu ao Ford Bronco a fugir à polícia na auto estrada, em Hollywood.

Mais tarde, num veredicto que gerou a indignação de muitos, acabou por ser absolvido, após o longo e polémico "julgamento do século".

Dois anos depois, num processo civil, foi condenado a pagar 33,5 milhões de dólares às famílias das duas vítimas.

O astro do futebol americano foi também detido por rapto e assalto à mão armada, tendo sido condenado a 15 anos de prisão, dos quais cumpriu nove.


Foto: Paulo Novais/Lusa
Foto: Paulo Novais/Lusa

Joana Marques Vidal

A antiga procuradora-geral da República morreu a 9 de julho, depois de várias semanas em coma induzido, na sequência de uma operação cirúrgica. Tinha 68 anos.

Maria Joana Raposo Marques Vidal foi procuradora-geral da República de 2012 a 2018, tendo sido nomeada para o mandato de seis anos pelo então Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva. Foi a primeira mulher a ocupar o mais alto cargo do Ministério Público.

A sua liderança ficou marcada por um dos mais longos processos da justiça portuguesa: a Operação Marquês, que está na origem da detenção preventiva do antigo primeiro-ministro, José Sócrates.

A 22 de outubro de 2018, mês em que cessou funções, foi agraciada com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo por Marcelo Rebelo de Sousa.


morreu o ator Bernard Hill Fotos: DR
 

Bernard Hill

O ator morreu a 5 de maio, aos 79 anos.

Bernard Hill ficou famoso depois do seu papel em "Boys from the Blackstuff". Além da interpretação de "Yosser Hughes" na série da BBC, de 1982, era conhecido pelo papel de capitão Edward Smith no filme "Titanic", que James Cameron realizou em 1997, e "Théoden", rei de Rohan, na trilogia cinematográfica "O Senhor dos Anéis", de Peter Jackson.


Shelley Duvall
 

Shelley Duvall

A atriz Shelley Duvall morreu a 11 de julho, aos 75 anos, durante o sono, devido a complicações relacionadas com a diabetes.

Entrou nos filmes “Annie Hall” e “Popeye”, entre outros, mas foi no papel de mulher de Jack Nicholson em "The Shinning" — um dos clássicos do cinema de terror — que ficou conhecida do grande público. Trabalhou também com Terry Gilliam, Woody Allen e Robert Altman.

Em 1977, ganhou o prémio de Melhor Atriz do Festival de Cannes pelo seu papel em "Três Mulheres", interpretado ao lado de Sissy Spacek e Janice Rule.


Foto: Andy Rain EPA
Foto: Andy Rain EPA

Donald Sutherland

Conhecido por papéis em filmes como "Doze Indomáveis Patifes", "M.A.S.H.", "A Invasão dos Violadores" e, mais recentemente, a saga "Jogos da Fome", o ator Donald Sutherland morreu a 20 de junho, aos 88 anos.

Como uma carreira de mais de 60 anos, que lhe permitiu trabalhar com nomes como Robert Altman, Federico Fellini e Robert Redford, Sutherland participou em mais de duas centenas de produções cinematográficas e televisivas.

O artista canadiano recebeu o maior prémio da carreira em 1995, quando ganhou um Emmy como Melhor Ator Secundário pelo filme Citizen X. Nos Globos de Ouro, foi nomeado nove vezes com "Path to War" e "Citizen X". Em 2017, foi também distinguido com um Óscar Honorário.


Akira Toriyama - criador da BD Dragon Ball Foto: DR
 

Akira Toriyama

Criador da banda-desenhada "Dragon Ball", Akira Toriyama morreu a 1 de março, aos 68 anos, na sequência de um hematoma entre o cérebro e o crânio.

Além dos livros que deram origem à famosa série animada, criou outros universos de banda-desenhada, como "Dr. Slump", e inventou personagens de videojogos como ‘Dragon Quest’, ‘Chrono Trigger’ ou ‘Blue Dragon’.


Foto: Paulo Novais/Lusa
Foto: Paulo Novais/Lusa

Artur Jorge

O ex-selecionador nacional morreu a 22 de fevereiro. Tinha 78 anos. Artur Jorge começou a carreira de futebolista profissional em 1964/65, nas Antas, ao serviço do Futebol Clube do Porto. Seguiu-se a Académica, Benfica — onde passou mais anos como atleta —, Belenenses e Rochester Lancers.

Foi um dos pioneiros do sindicalismo no futebol nacional. Como jogador, foi quatro vezes campeão e venceu duas vezes a Taça de Portugal, mas muitas das suas vitórias ainda estavam por vir.

Começou como treinador adjunto no Vitória Sport Clube, em Guimarães, em 1980/81, passando depois pelo Belenenses e Portimonense, já como treinador principal. Chegou ao FC Porto no verão de 1984, para apenas três anos depois levantar a primeira Taça dos Campeões do clube.

No antigo Estádio das Antas, Artur Jorge conquistou também três campeonatos nacionais, três Supertaças e uma Taça de Portugal (1991).

Passou também por França — onde treinou o PSG —, e sem sucesso pelo Benfica, acabando por rescindir no início da segunda temporada na Luz. O futebol levou-o ainda a treinar na Suíça, Espanha, Holanda, Arábia Saudita, Rússia, Camarões, Kuwait e Argélia, onde terminou a carreira, em 2016, no MC Alger.

Em 1990, estreou-se como selecionador português e foi na ao serviço de Portugal que, mais tarde, em 1997, foi agredido por Ricardo Sá Pinto, que não tinha sido convocado.


Paul Di'Anno, ex-vocalista dos Iron Maiden morre aos 66 anos. Foto: Neil Lupin/WENN
 

Paul Di'Anno

Paul Andrews, mais conhecido como Paul Di'Anno, morreu dia 21 de outubro. Tinha 66 anos.

Foi o primeiro vocalista da banda Iron Maiden, entre 1978 e 1981, dando voz aos primeiros álbuns.

A sua última criação foi o álbum "The Book of the Beast", que lançou em nome próprio em setembro deste ano, e que conta com vários temas que lançou após a saída dos Iron Maiden. Problemas de saúde obrigaram o cantor a atuar de cadeira de rodas. Mesmo nesta situação, participou em mais de 100 concertos desde 2023.


Foto: Kicki Nilsson/EPA
Foto: Kicki Nilsson/EPA

Sven-Goran Eriksson

O treinador Sven-Goran Eriksson morreu a 24 de agosto, aos 76 anos. Em janeiro, já tinha anunciado que sofria de um cancro terminal.

Treinou o Benfica durante cinco épocas, divididas por duas passagens — a primeira entre 1982 e 1984 e, depois, entre 1989 e 1992. Foi campeão nacional três vezes e venceu uma Taça de Portugal e uma Supertaça Cândido de Oliveira.

Com ele, o Benfica foi a duas finais europeias. Na final da Taça UEFA, em 1983, perdeu com o Anderlecht, e na final da Taça dos Campeões Europeus, em 1990, com o AC Milan.

Como treinador passou ainda pelo Goteborg, Roma, Fiorentina, Sampdoria, Lazio, Manchester City, Notts County, Leicester City, Al-Nasr, Guangzhou R&F e Shanghai SIPG. Entre 2001 e 2006, foi selecionador da Inglaterra e terminou a carreira de treinador em 2019, na seleção das Filipinas.

Na sua longa carreira conquistou 19 títulos: uma Liga Europa, uma Taça das Taças, uma Supertaça Europeia e vários troféus nacionais. Além dos conquistados em Portugal, venceu um campeonato italiano, quatro taças de Itália e uma liga sueca.


Foto: Nuno Veiga Lusa
Foto: Nuno Veiga Lusa

Camilo Mortágua

O antifascista Camilo Mortágua, pai das deputadas do Bloco de Esquerda Mariana e Joana Mortágua, morreu a 1 de novembro.

Lutou contra o fascismo em Portugal, integrou a Direção Revolucionária Ibérica de Libertação e participou no assalto ao navio Santa Maria, em 1961, sob o comando do capitão Henrique Galvão.

Desviou um avião da TAP no percurso entre Casablanca (Marrocos) e Lisboa, com Palma Inácio e outros militantes da resistência ao regime, para largar 100 mil panfletos contra o regime salazarista sobre Lisboa, Barreiro, Setúbal, Beja e Faro.

Em 1967, esteve envolvido num assalto à filial do Banco de Portugal, na Figueira da Foz, para financiar a luta antifascista. Fez ainda parte da fundação da Liga de Unidade e Ação Revolucionária (LUAR).

Depois do 25 de Abril, Camilo Mortágua dinamizou a ocupação da Herdade da Torre Bela, no Ribatejo, da qual resultou a criação da cooperativa Torre Bela.

Em 2005, foi homenageado pelo então Presidente da República Jorge Sampaio, com a condecoração de Grande Oficial da Ordem da Liberdade.


 Foto:  Damon Higgins/Reuters
Foto: Damon Higgins/Reuters

Iris Apfel

O ícone da moda Iris Apfel morreu a 1 de março. Tinha 102 anos.

Iris, que se descrevia como uma "estrela geriátrica", era conhecida pela sua forma irreverente de vestir.

Trabalhou em revistas de moda, participou em projetos na Casa Branca com seis presidentes norte-americanos, além de deter uma empresa têxtil, a "Old Words Weavers", que desenhava tecidos de luxo. Com o seu estilo peculiar desenvolveu coleções de marcas como a MAC, Eyebobs e H&M.

Aos 100 anos, tornou-se a pessoa mais velha a ter uma boneca Barbie feita à sua semelhança.


grupo Boney M - Liz Mitchell - Frank Farian e Marcia Barret Foto: Jens Kalaene/EPA
 

Frank Farian

O produtor musical alemão Frank Farian morreu a 23 de janeiro, aos 82 anos.

O músico fundou em 1976 os Boney M, um grupo de "disco-sound" que animou as pistas de dança em todo o mundo com temas como como "Daddy Cool", "Rasputine e "Rivers of Babylon". Ao longo da sua carreira terá vendido cerca de 800 milhões de discos.

Farian foi produtor dos Milli Vanilli — dupla composta pelo francês Fabrice Morvan e o alemão Rob Pilatus —, que em 1989 alcançaram a liderança dos tops com o tema "Girl, You Know It's True".


Foto: Ian Langsdon/EPA
Foto: Ian Langsdon/EPA

Alain Delon

Ícone do cinema, o ator francês Alain Delon morreu a 18 de agosto, aos 88 anos.

Delon deixa um legado de mais de 100 filmes, dos quais 88 como ator, dois como realizador e 32 como produtor. Na sua longa carreira trabalhou com realizadores como Jean-Pierre Melville ("O Círculo Vermelho", "O Silêncio de um Homem"), Luchino Visconti ("Rocco e os Seus Irmãos", "O Leopardo"), René Clément ("Em Pleno Sol") ou Louis Malle.

A sua primeira aparição no grande ecrã data de em 1957. Delon ganhou um César de Melhor Ator em 1985, por "A Nossa História", de Bertrand Blier, e o em 1995 recebeu o Urso de Honra do Festival de Cinema de Berlim. Em maio de 2019, foi distinguido com uma Palma de Ouro honorária em Cannes.


Manuel Fernandes, antigo jogador do Sporting. Foto: Maria Costa Lopes/RR
Manuel Fernandes, antigo jogador do Sporting. Foto: Maria Costa Lopes/RR

Manuel Fernandes

O eterno capitão do Sporting morreu a 27 de junho, com 73 anos.

Jogou nos 'leões' entre 1975 e 1987, tornando-se uma das maiores figuras da história do clube, com 433 jogos e 257 golos. Foi no Sporting que conquistou dois campeonatos nacionais, uma Supertaça e duas Taças de Portugal. Mantendo a cor verde, vestiu ainda a camisola do Vitória de Setúbal. Antes de tudo isto, já tinha passado pela CUF.

Na seleção A, foi internacional 30 vezes, mas tinha ainda outros sete jogos em representação da seleção B e sub-21.

Voltou a Alvalade como treinador adjunto e principal, além de dirigente e comentador.


cantora Mísia na capa do disco Pura Vida Foto: DR
 

Mísia

A cantora e fadista Mísia morreu a 27 de julho, aos 69 anos. Com uma carreira de mais de 30 anos, a artista publicou 13 álbuns — o primeiro, "Mísia", foi lançado em 1991.

Já em 1993, editou o álbum "Fado", produzido por Vitorino e com letras de Sérgio Godinho, António Lobo Antunes e José Saramago.

O álbum "Animal Sentimental" saiu em 2022, como parte de um projeto tríptico sobre os trinta anos de carreira da cantora.

Em 2004, foi condecorada com o grau de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras de França e, no ano seguinte, Jorge Sampaio condecorou-a com o grau de Comendador da Ordem do Mérito da República Portuguesa.


O Nobel da Física de 2013, Peter Higgs, pai do Bosão de Higgs. Foto: Fabrice Coffrini/Reuters
 

Peter Higgs

O vencedor do Nobel da Física Peter Higgs, que propôs a existência da partícula do bosão de Higgs, morreu a 9 de abril. Tinha 94 anos.

A existência do que ficou conhecido como "partícula de Deus" foi prevista em 1964, mas só foi confirmada quase 50 anos depois, em 2012, pelo Grande Colisor de Hadrões do CERN. No ano seguinte, o trabalho de uma vida acabou reconhecido com o Nobel da Física, que partilhou com o físico belga François Englert.


Morreu o pintor e ceramista Manuel Cargaleiro Foto: António Cotrim/Lusa
Morreu o pintor e ceramista Manuel Cargaleiro Foto: António Cotrim/Lusa

Manuel Cargaleiro

O mestre Manuel Cargaleiro, ceramista e pintor, morreu a 30 de junho. O artista tinha 97 anos e vivia em Paris desde 1957.

Deixou uma vasta obra em Portugal e no estrangeiro, fortemente inspirada no azulejo tradicional português.

Realizou a sua primeira exposição de cerâmica em 1952 e na década de 80 começou a explorar a tapeçaria.

Em 1955, Manuel Cargaleiro foi distinguido com o diploma de honra da Academia Internacional de Cerâmica, no Festival Internacional de Cerâmica de Cannes.

Foi condecorado duas vezes por Marcelo Rebelo de Sousa: em 2017 recebeu a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique e, em 2023, a Grã-Cruz da Ordem de Camões.

Em 2019, foi agraciado, em Paris, com a medalha de Mérito Cultural do Governo português e a Medalha Grand Vermeil, a mais alta condecoração da capital francesa.


Foto: J.p.gandul/EPA
Foto: J.p.gandul/EPA

Paul Auster

O romancista, autor de obras como "A Trilogia de Nova Iorque" e "Cidade de Vidro", morreu a 30 de abril, aos 77 anos.

Paul Auster deixou uma extensa obra literária, publicada em mais de 40 línguas.

Entre as suas obras destacam-se ainda "Mr. Vertigo", "Palácio da Lua", "Música do Acaso", "Leviathan", "Timbuktu", "O livro das ilusões", "As loucuras de Brooklyn", "O homem na escuridão" e "4 3 2 1", com o qual foi finalista ao Booker Prize.

Também assinou a realização de um par de filmes, incluindo "A vida interior de Martin Frost" (2007), parcialmente rodado em Portugal.


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