O “Frank Sinatra do norte, o Carlos do Carmo de Leça”, como lhe chamou Rui Zink, o verdadeiro animal de palco, expoente máximo do glamour nacional, recebe com paciente resignação, o pedido de Joana Gama para não dançar. “Trazes-me más memórias, a minha filha tem epilepsia”.
Manuel João Vieira, de viola nas mãos, canta a sua versão de “Dunas”. O tom é gozão, abrasileirado. A plateia gosta. Um pouco antes, Francisco Menezes também tinha caricaturado os dotes vocais do conterrâneo, enquanto Óscar Branco, que conheceu ainda muito jovem o cantor natural do Porto, na época das “festinhas de garagem”, recordou os cigarros de "ervas aromáticas" fumados em conjunto.
"Melhor do que ir ao psicanalista"
A natureza do roast é mesmo essa, a de dizer “mal das pessoas na cara, porque gostamos dela”, explica Rui Xará, mestre de cerimónias do evento. Esta comédia do mal dizer “é acima de tudo uma homenagem e não vais homenagear uma pessoa que não o merece”, sublinha.
A pessoa leva, leva e depois tem que sair com elegância - Rui Reininho
“É um momento de liberdade, mesmo”, concorda Rui Reininho, numa conversa mantida com a Renascença nos camarins, horas antes de ser assado na grelha aquecida pelos sete companheiros de espetáculo.
“É preciso ter poder de encaixe”, confessa, para depois comparar o embate que o esperava em palco com um combate de boxe. “Sempre achei muito estranho como é que alguém que leva duas enfardadelas, uma das quais mesmo no meio do focinho e vai outra vez combater. Estes 'assados' também são assim. A pessoa leva, leva e depois tem que sair com elegância”.