Caroline Darian recorda o dia, em novembro de 2020, em que a mãe Gisèle Pelicot lhe ligou a contar que tinha descoberto ser vítima de repetidos abusos.
Pelicot, de 72 anos, tornou-se num verdadeiro ícone da luta contra a violência sexual contra as mulheres, depois de recusar um julgamento à porta fechada, assistindo às sessões com o rosto descoberto "para que a vergonha mude de lado".
À saída do tribunal, Gisèle recordou as "vítimas não reconhecidas" da violência sexual, "cujas histórias permanecem muitas vezes na sombra" e "todas as outras famílias afetadas por esta tragédia".
O marido de Gisèle Pelicot foi considerado culpado de todas as acusações de violação, bem como os outros 50 homens acusados no caso.
Dominique Pelicot foi também considerado culpado de captar imagens indecentes da sua filha e das suas noras.
O Ministério Público francês pediu a pena máxima de 20 anos, no entanto, a maioria dos restantes acusados receberam penas abaixo do esperado.
Gisèle Pelicot decidiu abdicar do direito à anonimidade e tornar pública a sua história, para “passar a vergonha do lado da vítima para o dos agressores”.
“Estou a pensar nas vítimas não reconhecidas, cujas histórias permanecem muitas vezes na sombra”, disse Gisèle em declarações aos jornalistas, depois de conhecer a sentença.
O comentador da Renascença aponta que, geralmente, estes casos ficam no anonimato, mas Gisèle Pelicot "com muita coragem decidiu expor-se para expor o que se passa no mundo dos homens".
"Eles devem assumir a responsabilidade pelas suas ações. Eles violaram. Violação é violação", afirmou a francesa em tribunal. Filhos do casal falam "numa família destruída".