FMI e Governo usam dados deturpados sobre salários em Portugal
28 ago, 2013
Com base nestes indicadores, o Fundo Monetário Internacional tem recomendado a diminuição dos vencimentos no sector privado. O Governo admite que os dados estão incompletos.
Os dados que o Governo forneceu ao FMI sobre a evolução dos salários em Portugal estão deturpados. O “Jornal de Negócios” conta que os gráficos que o Fundo Monetário Internacional publicou na sétima avaliação escondem os valores reais.
O FMI diz que recebeu os dados do Governo, mas não os confirmou tomando como certos os valores indicados. E é com base nestes indicadores que tem defendido mais reduções salariais.
Na sétima avaliação da “troika”, o Fundo publicou gráficos para retratar a evolução dos salários no nosso país e defender a importância de mais cortes no sector privado.
De acordo com o “Jornal de Negócios”, da base de dados utilizada foram, no entanto, eliminadas milhares de observações que davam conta de um aumento significativo no número de trabalhadores com redução de salários. Em vez disso, os dados fornecidos acentuam um congelamento salarial. Assim, o argumento em defesa de mais cortes nos vencimentos torna-se substancialmente mais fácil.
O Fundo Monetário Internacional já sabe do problema, mas não pediu explicações ao Governo, continuando a analisar a flexibilidade salarial em Portugal.
O Governo já admitiu a situação, mas fonte do Ministério da Solidariedade, Emprego e Segurança Social assume que os números fornecidos os técnicos do FMI “ não têm a informação completa”, considerando por isso que não se podem fazer comparações de actualização salarial em diferentes anos.
Contudo, não é explicado porque retiraram parte das observações da amostra.
A Renascença pediu esclarecimentos ao Governo e aguarda uma resposta.