24 jan, 2013 • Pedro Mesquita
António Borges considera que o risco de bancarrota desapareceu, que a economia está equilibrada e que não é necessário agravar a austeridade. Ainda assim, o consultor do Governo para as privatizações diz à Renascença que há um corte por fazer.
"No sentido macroeconómico, claro que não [precisamos de mais austeridade], porque já não temos défice externo. É necessário cortar o défice público, o que é uma coisa diferente. Mas esse corte deve ser acompanhado de um regresso ao crescimento no investimento e no consumo", sublinha.
"Os nossos compromissos já são exclusivamente compromissos com a Europa. Já temos a economia equilibrada e, em muito sentido, já não precisávamos de mais austeridade nenhuma. Temos é o compromisso de ir gradualmente reduzindo o défice", reforça António Borges.
O consultor do Governo considera que o valor obtido de 5% do PIB vem confirmar que o programa de ajustamento "está a correr muito bem, graças a uma importante redução no consumo privado e no investimento, acompanhados de uma redução importante na despesa pública".
António Borges refere que os investidores internacionais já reconhecem os progressos de Portugal e "estão interessados em comprar obrigações portuguesas a preços muito abaixo dos que existiam antes do resgate".
Questionado sobre a possibilidade de Portugal recorrer este ano a novas receitas extraordinárias para minimizar o ajustamento fiscal, como foi o caso da privatização da ANA, António Borges reconhece que "não há muitas à vista", porque "a grande maioria das receitas extraordinárias possíveis" já foi tida em conta". O consultor do Governo não vê "como é que por aí virá uma grande ajuda".
Sobre o futuro da RTP, António Borges diz à Renascença que o caminho desenhado continua em aberto, embora haja outros possíveis. A ideia, diz, "será sempre passar a gestão para o sector privado da RTP, o que inclui dois canais, a rádio, inclui tudo".
O consultor do Governo refere que "há vários interessados na RTP, alguns de grande qualidade", e "portugueses, pessoas por quem qualquer pessoa teria o maior respeito". António Borges afirma ainda que não há "a mais pequena ideia de quem é que vai ganhar".
A convicção de António Borges é que o processo da RTP vai ser concluído em breve.