O Ministro dos Negócios Estrangeiros confessou-se preocupado e muito atento à situação na Ucrânia, nomeadamente na Crimeia.
Rui Machete, que acompanha o Presidente Cavaco Silva na visita de Estado à América do Norte, falou aos jornalistas portugueses no Canadá e admitiu que a crise que actualmente se vive naquela região merece toda a atenção de Portugal.
“Estamos a acompanhar com muita preocupação porque na realidade isso se justifica face aos desenvolvimentos. O ministério emitiu hoje [sexta-feira] uma nota oficiosa exprimindo justamente isso”, referiu.
“A Ucrânia é um país de importância enorme para as relações entre a União Europeia e a Rússia, por outro lado é fundamental que se conserve a integridade do país e se garantam as liberdades dos cidadãos ucranianos. Esperemos que as coisas corram bem mas não escondo que temos naturalmente motivos para estarmos preocupados e muito atentos.”
Na última noite Barack Obama mostrou-se também profundamente preocupado com relatos de movimentações militares russas na Crimeia, e deixou um aviso à Rússia de que qualquer actividade militar que ameace a Ucrânia terá custos.
A Crimeia, junto ao Mar Negro, é sede de um porto naval russo de extrema importância para Moscovo e é a única região da Ucrânia em que a maioria da população é de etnia russa.
A península tem sido disputada ao longo dos séculos. Foi invadida pelos nazis, na II Guerra Mundial e, depois, integrou o regime Soviético. Contudo, em 1954, foi transferida por Nikita Kruschev para a esfera da Ucrânia.
A população nativa não é ucraniana nem russa: os tártaros são, actualmente, minoritários na Crimeia, tendo sido expulsos em massa pelos sucessivos governos russos, em particular, pelo regime soviético, por suspeita de simpatias e colaboração com os Nazis.
A situação é preocupante para o novo governo da Ucrânia, porque a maioria russa na Crimeia pode, agora, reivindicar a separação e integração na Rússia. O facto de os desenvolvimentos estarem a acicatar rivalidades étnicas também pode levar à violência e, sobretudo, existe a ameaça de uma intervenção de Moscovo, sobretudo, se parecer que a população russa está de alguma forma em perigo.
A preocupação é acentuada pelo facto de em 2008 Putin ter ordenado a invasão de zonas da Geórgia habitadas maioritariamente por pró-russos, que, depois, se tornaram repúblicas independentes sob a protecção de Moscovo.
Na sexta-feira a Ucrânia acusou a Rússia de ter invadido o seu espaço aéreo. A tensão na região é palpável e continua a aumentar.
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