Ferreira Leite avisa que destruir a classe média é uma ameaça à democracia
03 nov, 2012
A antiga líder do PSD não tem dúvidas que será inconstitucional existirem medidas só para pensionistas. "Toda a política que tem sido seguida em relação aos reformados é inimaginável", advoga.
Manuela Ferreira Leite disse, em Coimbra, que "só existem democracias sólidas assentes numa classe média forte" e que qualquer processo de destruição da classe média é "ameaça tremenda à democracia".
Intervindo no ciclo de conferências políticas "A Democracia e o Futuro", promovido pela autarquia de Coimbra e pela Fundação Bissaya Barreto, a ex-ministra das Finanças lembrou que uma política de ataque à classe média "não resolve o problema das contas [públicas] e aniquila as pessoas".
"E nunca vi um país crescer sem ser com base na classe média", argumentou.
A antiga governante comentou ainda a situação dos reformados, alegando que embora não seja constitucionalista, não tem dúvidas que será "inconstitucional" existirem medidas só para reformados. "Toda a política que tem sido seguida em relação aos reformados é inimaginável numa sociedade em que se pretende manter a classe média", frisou Manuela Ferreira Leite.
Para a antiga líder do PSD existe em Portugal um processo de degradação política que tem "verdadeira tradução" no desprestígio da classe política.
"Se não houver uma alteração profunda de todo este processo de degradação política, efectivamente podemos continuar a dizer que se está em democracia mas na prática não é uma democracia", alertou.