Mouraria, 10h30, é num banco de jardim que encontramos Ermelinda já à nossa espera. Voluntária de coração e alma do projecto “
Mais proximidade, Melhor vida”, vive fora de Lisboa e por isso acordou cedo para poder visitar a D. Fernanda, uma senhora que a doença atirou para uma cama, que tem como parceira garantida -na maior parte dos seus dias- a solidão.
Vive num prédio pequeno, amarelado, de três andares, enfiado numa ruela muito movimentada.
Confinada a um quarto pequeno e cheio de memórias encontramos a D. Fernanda deitada e aconchegada pela roupa. Recebe-nos de sorriso nos lábios. Nos olhos a felicidade de ter o quarto cheio, de ouvir vozes diferentes, de poder também ela comunicar
A morte da mãe de Ermelinda, a voluntária, fez nascer dentro dela a vontade de dar e ajudar, de tornar a vida de outras pessoas um pouco melhor. Técnica de reabilitação e fisioterapia durante muitos anos numa clinica, dá agora o que de melhor sabe fazer.
A D. Fernanda cumpre todos os exercícios à risca, quase sem descanso, concentrada no que Ermelinda lhe pede, só pensa nessa altura na reabilitação e no quão importantes e úteis são aqueles movimentos quando está sozinha.
Mas a par dos exercícios físicos há também espaço para a beleza e para alegrar um pouco o espirito e Ermelinda não descura isso.
Uma ou duas vezes por semana a nossa voluntaria visita esta mulher de 60 anos, mas visita outros tantos que vivem perto de si também.
Feliz com a vida, e com um sorriso que não conseguiu desmanchar durante toda a visita, Ermelinda revela-nos o resultado desta entrega sem limites, onde tudo é feito com fé, amor e dedicação
Eternamente grata por esta ajuda e de nó na garganta a D. Fernanda revela-nos que o seu desejo seria que todas as famílias fossem mais presentes e ajudassem os idosos.
O tempo que passa com Ermelinda, diz, passa a voar e quando ela se vai embora regressa à dura realidade.