Igreja moçambicana preocupada com “carris belicistas” no país
05 nov, 2013
Bispo auxiliar de Maputo lamenta que os presidentes da Frelimo e da Renamo ainda não tenham dialogado. Em declarações à Renascença, D. João Carlos Nunes fala também sobre a onda de raptos em Moçambique.
A Igreja moçambicana está preocupada com a instabilidade político-militar que se vive no país. O tema vai ser discutido na reunião da Conferência Episcopal Moçambicana, esta terça-feira.
O porta-voz da Conferência, que é também bispo-auxiliar de Maputo, revelou à Renascença as suas preocupações.
“De facto, a situação tem vindo a alastrar e o desenvolvimento da situação não é tão animador como era de se esperar. Nós tínhamos a esperança de que os dois presidentes, os dois responsáveis se encontrassem, mas isso nunca ocorreu. Nunca aconteceu e o assunto foi-se desenvolvendo e tomou os carris de agora, quase que um pouco belicistas. Porque cada um procura impor agora através das armas e isso é constrangedor”, afirma D. João Carlos Nunes.
Pensa que os raptos nos últimos dias e estes “carris belicistas” têm alguma coisa a ver uma com a outra ou não?
Pode até não ter a ver, mas a resposta a esses fenómenos não é eficaz e, então, vai-se multiplicar. E, aparentemente, pode parecer que uma coisa tem a ver com a outra, mas a questão é: que tipo de resposta o Governo, aqueles que detêm autoridade, que têm uma certa responsabilidade perante o povo que os escolhe, que tipo de resposta dá a esses fenómenos.
A questão da segurança do país, do diálogo e de saber dialogar, a questão de aceitar a diferença, etc. São questões que, muitas vezes, as respostas dadas não são eficazes ou são até impróprias. Por isso, criam mais descontentamento e a coisa se agudiza. É por isso que há, por vezes, manifestações de não-agrado para com a situação.
Por coincidência, vai hoje reunir a Conferência Episcopal Moçambicana. O tema da instabilidade no país vai ser, certamente, abordado...
Certamente. Começamos hoje a Conferência, que coincidiu. E ocupará naturalmente parte da agenda, porque é o dia-a-dia e os bispos estão preocupados com esta situação do país e certamente formaremos depois a nossa posição e a nossa ideia mais sólida relativamente à questão do país.