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O perigo de ser mulher e cristã no Egipto

08 mar, 2014 • Ângela Roque

Fundação Ajuda à Igreja que Sofre denuncia, neste Dia Internacional da Mulher, o agravamento das condições de vida das mulheres cristãs no Egipto pós-Primavera Árabe.

O perigo de ser mulher e cristã no Egipto
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Há cada vez mais jovens cristãs a ser raptadas no Egipto e convertidas, à força, ao Islão, sobretudo através do casamento. A denúncia é feita pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), que recebe, do terreno, informações que não deixam dúvidas: o número de raptos e casamentos forçados aumentou de forma significativa nos últimos três anos.

Catarina Bettencourt Martins, que dirige a AIS em Portugal, explica que “até à famosa Primavera Árabe, em 2011, havia cerca de meia dúzia de casos e, hoje em dia, está a tomar proporções na ordem dos milhares”.

Os raptos são “um drama das mulheres em geral, mas as cristãs são mais vulneráveis por pertencerem a uma minoria num país onde a religião islâmica prevalece sobre todas as outras”, explica a responsável da AIS, que fala em raptos de crianças e jovens: “Temos casos relatados de jovens com 14 anos que foram levadas das casas das suas famílias e de lugares públicos. Há um caso, que me chocou, de uma menina que foi à missa com o pai. Este teve de sair, por momentos, da igreja e, quando voltou, a filha tinha sido levada”.

Catarina Bettencourt Martins explica ainda que estas jovens são convertidas quando casam com muçulmanos e quando são mães, porque “as crianças são sempre entregues ao pai”. Por isso, “as mulheres, mesmo que queiram fugir, terão sempre de deixar os seus filhos, o que é uma forma de pressão”.

O facto de haver muitos políticos e empresários egípcios envolvidos nos raptos torna ainda mais difícil o combate ao fenómeno: “Os agressores e raptores destas meninas são, muitas vezes, políticos, homens de negócios, homens com muita influência. A própria polícia não tem capacidade para actuar contra estas pessoas e, portanto, o crime fica impune”.

Os casos estão relatados num filme "Noivas raptadas", que a AIS vai divulgar nos próximos dias e com o qual espera alertar as instâncias superiores no Egipto, e a própria comunidade internacional.

Mulheres: Uma maioria discriminada no Paquistão
Catarina Martins alerta ainda para a situação no Paquistão onde a situação das mulheres é particularmente difícil. Não têm acesso à educação apesar de serem a maioria da população.

A Fundação AIS está a apoiar os projectos de alfabetização que a Igreja católica assegura no país, nomeadamente as Irmãs da Sagrada Família que estão a tentar abrir uma nova residência para raparigas que desejam frequentar a escola.

A entrevista a Catarina Martins vai ser transmitida no programa "Princípio e Fim", Domingo, na Renascença, a partir das 23h30.