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Coordenador da pastoral da Saúde receia confusões burocráticas

01 jul, 2014 • Eunice Lourenço

Registo nacional do testamento vital entra em vigor, mas podem ser necessárias mais clarificações.  

O coordenador nacional da pastoral a saúde, padre José Manuel Pereira de Almeida, receia algumas confusões burocráticas na entrada em vigor do Registo Nacional do Testamento Vital (RENTEV). Este é um instrumento que permite determinar que cuidados de saúde que cada pessoa quer ou não receber caso fique numa situação de incapacidade e passa a estar disponível a partir de 1 de Julho.

“É um bocadinho confuso. Se é na ARS, se é no centro de saúde, se é o notário, quem é que responde a quem - ainda há alguma coisa para ser clarificada. Vamos ver como correm os primeiros dias, mas provavelmente os sistemas de saúde ainda vão ter de fazer uma segunda ou uma terceira aproximação à realidade”, disse à Renascença.

Quanto à existência do próprio instrumento, o padre José Manuel Pereira de Almeida, que também é médico, lembra que já foi assunto de uma nota pastoral dos bispos, com o título “Cuida da vida até à morte” e salienta que, desde que não seja uma forma encapotada de proporcionar a eutanásia ou o suicídio assistido, esta é uma forma de assegurar um “morrer humano”.

E o testamento vital também pode ser “uma bela oportunidade” para ter uma conversa sobre o que é esse “morrer humano” e o que significa. “Morrer acompanhado, morrer de forma serena, ter uma vida pacífica, porque só uma vida pacificada e pacificante é que corresponde a uma morte também em paz. Todas estas conversas é uma bela oportunidade para voltarmos a ter”, afirma o padre Pereira de Almeida.

Na sociedade actual, diz, por vezes há a percepção “de que a morte já não é tão natural assim, é uma morte que, por causa de cuidados extremos não existentes noutros pontos do planeta, as pessoas deixam de poder morrer a sua própria morte e passam a morrer a morte das máquinas ou a morte dos tunos – uma coisa que no fundo se chama encarniçamento terapêutico”.

Caso essa perspectiva perturbe a pessoa, ela deve fazer um testamento vital em que “pode dizer ‘quando chegar a minha altura de fazer uma reanimação eu prefiro não fazer’ ou então ‘se só possa respirar por entubação prefiro que não o façam’”, exemplifica o coordenador nacional da pastoral a saúde.