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Ataques a judeus duplicam na Alemanha 72 anos após a libertação de Auschwitz

27 jan, 2017 - 08:10 • Guilherme Correia da Silva, na Alemanha

Assinala-se o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto. Em várias cidades alemãs há iniciativas para assinalar a data.

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Memória do Holocausto. Reportagem de Guilherme Correia da Silva, na Alemanha

Há 72 anos, as forças aliadas entraram no campo de concentração Auschwitz-Birkenau, instalado pelos nazis na Polónia. Foi o fim de anos de horror. Em 2005, a data foi escolhida pelas Nações Unidas para passar a assinalar o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.

Na Alemanha, a data e os acontecimentos não são esquecidos. O Holocausto faz parte do currículo nas escolas e é um tema frequente na imprensa e na literatura. Ainda assim, nas vésperas deste dia, o Ministério da Diáspora israelita publicou um estudo, em que diz que o número de ataques contra judeus na Alemanha duplicou entre 2015 e 2016.

Só no ano passado, houve mais de 400 casos. São números preocupam o Conselho Central dos Judeus Alemães.

A libertação de Auschwitz e a Memória do Holocausto são assinalados esta sexta-feira em várias cidades e até pelo Parlamento alemão. Mas o lembrar dos acontecimentos pode ser visto todos os dias. Em Bona, por exemplo, há 285 pedras espalhadas pela cidade com o nome de vítimas do regime nazi.

Muitos passam por elas, na rua, e nem as vêem: pedras de dez por dez centímetros, com placas em latão. Outros olham, para ler o que está lá inscrito. São nomes de vítimas do regime nazi e datas: o ano em que elas nasceram e o ano em que foram dadas como desaparecidas ou foram mortas.

“Nós paramos, olhamos para baixo, inclinamo-nos um pouco e lemos. E então reflectimos: ‘Aqui morou uma pessoa que foi perseguida pelos nazis’.”

Astrid Mehmel é directora do memorial das vítimas do Holocausto em Bona. Aqui já foram colocadas 285 pedras - “Stolpersteine” é o nome em alemão. Ao todo, há mais de 56 mil não só na Alemanha, como também noutros países europeus.

A ideia foi do artista alemão Gunter Demnig, para que os nomes de quem morreu às mãos dos nazis não caiam no esquecimento. Essa é também uma luta que Astrid Mehmel trava todos os dias.

“Estudos científicos mostram que, na Alemanha, o anti-semitismo na sociedade rondou sempre os 15% a 20%. Antigamente, as pessoas não tinham coragem de dizer alguma coisa. Mas isso mudou nas últimas duas décadas e, sobretudo, no último ano e meio. Se for perguntar às sinagogas, dizem-lhe isso, que há pessoas que são agredidas e que recebem mensagens e telefonemas de ódio. Isso costuma fazer parte do quotidiano”, diz à Renascença.

Na semana passada, Bjoern Hoecke, um membro do partido populista de direita, AfD, criticou o memorial às vítimas do Holocausto, em Berlim, por ser um “monumento da vergonha”. Hoecke foi duramente criticado e enfrenta agora um processo disciplinar no partido.

O campo de concentração nazi começou a funcionar em 1940 e terminou em 1945, com a chegada das tropas soviéticas, estimando-se que tenham morrido 1,3 milhões de pessoas, sobretudo judeus, ciganos, russos, presos políticos e polacos.

Uma das salas conserva ainda duas toneladas de cabelos humanos. Foi também aqui que foram usadas pela primeira vez as câmaras de gás.

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  • AM
    27 jan, 2017 Lisboa 11:34
    O "orapois", que abra a pestana, e consulte a história da época, porque nesse tempo, não havia drones, e o Dia D estáva a caminho. Isso já se sabia, e o Rommel podia ter acabado com a guerra no norte de africa, porque só quando ele fortificou a muralha do atlantico, é que a coisa dos judeus se estgmatizou... Pois, nessa altura não estava muito bem definido o que seria a solução final. A história por quem a conta!
  • Ptuga
    27 jan, 2017 dooutrolado 11:32
    Que território roubado? Ignorar a matança a todos os judeus que foram mortos para vir com esta desculpa, mostra mesmo falta de senso. Os judeus defendem-se dos terroristas da palestina, ou eles não deveriam reagir tal como aconteceu na alemanha? Já vi que a tu tendencia é sempre em lado contrário. Os trabalhadores de 500 euros ganham muito e não querem fazer nada, os patrões, muitos que exploram, enriquecem e compram brutos carros, dos topos, estes é que são as vitimas, porque apesar de tudo, nem mais um euro se querem subir aos trabalhadores, agora quanto aos judeus, o tema é a matança e a discriminação a um povo que foi espezinhado de forma vergonhosa pelos nazis, mas lá vem tu falar contra os judeus. E quantos deles da palestina têm feito ataques terroristas? São estes é que são os bons? Tu deves ter o cérebro virado ao contrário.
  • Pedro Gomes
    27 jan, 2017 Ponte de Lima 11:06
    Ao Tuga: não estamos a falar da mesma coisa ou? Contra os racistas Benjamins(s) Natanyau(s) e quejandos tudo. Se não tivessem 'as costas quentes' pelos EUA a coisa era bem diferente. Não comparemos os fascistas e 'expansionistas' atuais com as vítimas da barbárie e do desvario alemão da altura.
  • JoãoAntónio
    27 jan, 2017 Lisboa 10:43
    Invariavelmente, irão culpar a "Extrema Direita" e desculpar a verdadeira razão dos ataques aos judeus - a invasão muçulmana da Europa ajudada pela esquerda "progressista".
  • 27 jan, 2017 lisboa 10:39
    ""ORA POIS""" - uma pequena correcção quem entrou em Auschwitz-Birkenau e libertou os presos, foram as tropas de antiga União Soviética
  • José Saraiva
    27 jan, 2017 Viseu 10:20
    e os ATAQUES as COMUNIDADES PORTUGUESAS em ANGOLA, BRASIL, VENEZUELA, AFRICA DO SUL????...isso já não é notícia???
  • tuga
    27 jan, 2017 lisboa 10:04
    E quantos ataques há de judeus na ficha de gaza e na palestina??? os judeus expansionistas a roubar território aos outros, mas...sempre coitadinhos!!!!
  • Ora pois!
    27 jan, 2017 do cemitério 09:58
    "Há 72 anos, as forças aliadas entraram no campo de concentração Auschwitz-Birkenau, instalado na Polónia. Foi o fim de anos de horror." Quer dizer, com tanta matança que estes carniceiros, bestas, fizeram , só depois é que as forças aliadas entraram no campo de concentração? Até à altura mataram milhares e o mundo calava-se. E ainda nos tempos atuais ainda aparecem bestas com o ódio. Em tempos foram através das tropas e das armas, que queriam dominar o mundo. Hoje é através do poder econômico, lançando milhares para a pobreza e miséria. Viva a alemanha!!!

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