Ouvir
  • Noticiário das 23h
  • 16 jun, 2025
A+ / A-

Esquerda parlamentar demarca-se de resolução do CDS-PP sobre liberdade religiosa

21 abr, 2017 - 14:19

Partidos de esquerda consideram que resolução do CDS fala apenas da perseguição a comunidades cristãs. Medida foi aprovada apenas porque o PS e Bloco se abstiveram.

A+ / A-

A resolução do CDS-PP sobre liberdade religiosa foi aprovada esta no parlamento com o apoio do PSD e com toda a esquerda a demarca-se de uma iniciativa que considerou limitada às questões das comunidades cristãs.

PS, Bloco de Esquerda e PAN optaram pela abstenção, mas o PCP e “Os Verdes” decidiram mesmo votar contra o texto apresentado pelo CDS-PP.

Momentos antes da votação, o debate do projecto de resolução do CDS-PP, que essencialmente pede ao Governo português uma actuação “firme” de condenação das atrocidades cometidas contra comunidades cristãs no Médio Oriente e em África, motivou uma curta mas tensa discussão com a esquerda parlamentar.

A deputada do CDS-PP Ana Rita Bessa abriu o debate, citando o caso de uma família muçulmana morta quando fugia da Birmânia (de maioria budista) para o Bangladesh.

Só que PS, PCP e Bloco de Esquerda consideraram essa intervenção “abrangente” de Ana Rita Bessa diferente face ao real teor da resolução que apresentava em plenário.

Pela parte do PS, o deputado Ascenso Simões, assumidamente católico, disse que a real intenção do CDS-PP foi a de “marcar” a visita do papa Francisco a Portugal, em maio, restringindo os casos de perseguição às comunidades cristãs e, assim, ignorando fenómenos de desrespeito pela liberdade religiosa na China, na Irlanda do Norte ou no Médio Oriente.

“Gostaríamos de estar a aprovar por ampla maioria uma resolução sobre liberdade religiosa. Infelizmente, isso não é possível com o projecto do CDS-PP”, afirmou o dirigente socialista – posição que foi depois seguida pelo deputado do PCP António Filipe e pelo líder parlamentar do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares.

“A liberdade religiosa não conhece fronteiras”, advertiu António Filipe, numa alusão ao facto de o projecto do CDS-PP “ser unilateral” ao centrar-se nas zonas do mundo em que os cristãos estão em minoria.

Já Pedro Filipe Soares criticou a resolução do CDS-PP por não incidir “verdadeiramente sobre a liberdade religiosa”, razão pela qual “não merece apoio unânime da Assembleia da República”.

“No projecto do CDS-PP não há qualquer condenação da ‘islamofobia’ e das práticas da extrema-direita europeia. Esquece, ainda, a intolerância face a cidadãos que não querem ter religião nenhuma”, declarou o líder parlamentar do Bloco de Esquerda.

Pela parte do PSD, o deputado Carlos Abreu Amorim manifestou apoio à iniciativa do CDS-PP, defendendo a concepção filosófica de que “a tolerância religiosa é a essência da liberdade política”.

Confrontada com as críticas da esquerda parlamentar, Ana Rita Bessa contra-atacou e acusou a esquerda “de preconceito” e o PS, em particular, de ter pretendido “impor” alterações ao diploma do CDS-PP.

Ainda em defesa da resolução do CDS-PP, Ana Rita Bessa citou posições de responsáveis mundiais da comunidade judaica de condenação das perseguições e crimes contra as comunidades cristãs, assim como posições do dirigente histórico socialista Manuel Alegre em defesa da liberdade.

Ouvir
  • Noticiário das 23h
  • 16 jun, 2025
Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Francisco Freitas
    21 abr, 2017 Monchique 23:30
    Até que enfim que alguém tem a ousadia de levar este assunto à Assembleia.. Bem hajam. A meu ver a situação só peca por tardia.
  • António Costa
    21 abr, 2017 Cacém 22:14
    É impossível entrar material e homens de apoio ao Estado Islâmico sem ser pela Turquia. Como o apoio aos vietcong no Vietnam vinham via "pista de Ho Chi Min" do Vietnam do Norte. Como o apoio na Guerra Colonial portuguesa aos guerrilheiros vinham do "outro lado da fronteira". Apoiar a guerrilha islâmica radical anti-Assad e "fingir" que estão a apoiar "democratas e laicos" é que é hipocrisia. Não chegou o 11 de Setembro e o Afeganistão?
  • Artur Moreira
    21 abr, 2017 Vandoma 21:44
    Sr António Costa não seja hipócrita!
  • António Costa
    21 abr, 2017 Cacém 19:14
    Não publicaram o meu comentário na totalidade. Todavia o "sentido" do que foi dito, esta representado "sem cortes", na parte inicial publicada.
  • António Costa
    21 abr, 2017 Cacém 16:49
    É incrível! Só visto! As posições que são tomadas pelos partidos, só visto! A situação do que se passa na Síria, com atentados com dezenas de vitimas, quase diários às populações cristãs e xiitas. Onde os xiitas ainda tem a proteção do Irão. A posição do PCP tem-se pautado pela defesa da politica da Rússia de Putin. Goste o PCP ou não os seus aliados no terreno são os maiores, senão os ÚNICOS defensores da Religião Cristã na Região! O CDS e PSD tem-se pautado, gostem ou não por apoiar o GENOCIDIO de cristãos perpetrados pelos grupos radicais islâmicos apoiados pela CIA/Turquia

Destaques V+