30 dez, 2016 - 14:45
Confrontos, bombardeamentos e ataques aéreos registados no oeste da Síria estão a prejudicar o cessar-fogo apoiado pela Rússia e pela Turquia que visa pôr fim a quase seis anos de guerra e levar a negociações de paz entre rebeldes e um governo encorajado pelo recente sucesso no campo de batalha.
O presidente russo, Vladimir Putin, um dos principais aliados do presidente sírio, Bashar al-Assad, anunciou o cessar-fogo na quinta-feira depois de ter assegurado o acordo com a Turquia, que apoia há muito as forças da oposição.
Segundo a agência Reuters, a trégua entrou em vigor à meia-noite, mas observadores e rebeldes relataram confrontos quase imediatos, e a violência parece ter aumentado na sexta-feira, com aviões de combate a bombardearam áreas no noroeste do país.
O cessar-fogo foi concebido como um primeiro passo para novas negociações de paz, depois de vários esforços internacionais fracassados este ano para travar o conflito, que começou como uma revolta pacífica e escalou para a guerra civil em 2011.
O acordo negociado pela Rússia e pela Turquia, que garantiu a trégua, é o primeiro dos três acordos de cessar-fogo deste ano que não envolvem os Estados Unidos nem as Nações Unidas.
A Rússia está empenhada em avançar com as negociações de paz, organizadas pelo seu aliado Cazaquistão, para acabar com o conflito na Síria, que resultou em mais de 300 mil mortes e deslocou mais de 11 milhões de pessoas, metade da população pré-guerra.
O ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, e o seu homólogo cazaque, Kairat Abdrakhmanov, já debateram os planos para as conversações, disse o ministro russo.
O primeiro desafio será manter a trégua, que, na sexta-feira, parecia cada vez mais instável.
Helicópteros sírios realizaram pelo menos 16 ataques contra rebeldes no norte do país, disse o Observatório Sírio para os Direitos Humanos. Os confrontos entre insurgentes e forças governamentais e seus aliados aconteceram durante a madrugada, ao longo da fronteira provincial entre Idlib e Hama, informou o Observatório.
Enquanto isso, forças governamentais e seus aliados entraram em confronto com rebeldes perto de Damasco, e helicópteros realizaram ataques aéreos na área, informou o Observatório britânico.
Um funcionário do grupo rebelde Nour al-Din al-Zinki disse que as forças do governo também tentaram avançar na província de Aleppo.
Não houve comentários imediatos do exército sírio nos confrontos de sexta-feira.
Vários grupos rebeldes assinaram o novo acordo, disse o Ministério da Defesa da Rússia na quinta-feira. Vários oficiais rebeldes reconheceram o acordo, e um porta-voz do Exército Sírio Livre (FSA), uma aliança solta de grupos insurgentes, disse que respeitaria a trégua.