23 mai, 2018 - 19:03
A filha do espião Sergei Skripal, envenenada por um elemento químico, considera que quer ela quer o pai tiveram “muita sorte de ter sobrevivido a uma tentativa de assassinato”.
Na primeira declaração escrita desde o ataque, Yulia Skripal lembra que “a recuperação foi lenta e extremamente dolorosa”.
Em entrevista exclusiva à Reuters, de um local secreto e protegida pela polícia, Yulia Skripal confirma que a sua vida ficou “virado do avesso” e considera “chocante” que um “agente nervoso” tenha sido utilizado no ataque.
Yulia Skripal, de 33 anos, esteve em coma durante 20 dias. “Acordei com a notícia de que ambos tínhamos sido envenenados”. Teve alta após cinco semanas de internamento. Já o pai só teve alta a 18 de maio.
Yulia e Sergei, antigo coronel dos serviços secretos russos, foram atacados na cidade de Salisbury, Inglaterra, a 4 de março. Os britânicos acusam a Rússia de ter sido o responsável pelo ataque, mas Moscovo desmente. A substância utilizada foi o novichok, um agente químico utilizado pela União Soviética nos anos 70.
O caso Skripal levou à expulsão de cerca de 150 diplomatas russos de vários países, incluindo os Estados Unidos e vários membros da União Europeia.
“À medida que vou tendo consciência das mudanças devastadoras que me atingiram física e emocionalmente, vou vivendo um dia de cada vez e ajudo o meu pai até à sua recuperação total”, escreveu.
Apesar do ataque, Yulia admite nesta declaração à Reuters sem direito a perguntas, regressar à Rússia, mas só “a longo prazo”.