08 fev, 2025 - 09:06 • Daniela Espírito Santo com Lusa
[Notícia atualizada às 13h26 de 8 de fevereiro de 2025 para acrescentar mais detalhes]
Mais três reféns estão, este sábado, a ser libertados pelo Hamas, em nova troca de prisioneiros palestinianos.
Entre os três figura Or Levy, israelita com ligações a Portugal. Este sábado de manhã, em mais uma cerimónia, o Hamas entregou os três reféns à Cruz Vermelha, após 492 dias em cativeiro.
Os três reféns foram entregues à Cruz Vermelha Internacional (CVI) em Deir al-Balah, no centro da Faixa de Gaza, de acordo com imagens transmitidas em direto por vários canais de televisão. Cada um deles saiu de um carro branco do Hamas. Os três foram levados para um palco montado pelo Hamas onde antes funcionários da CVI assinaram os documentos de receção dos reféns.
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Nas imagens que chegam da Faixa de Gaza, os três homens aparentam estar bem de saúde mas visivelmente mais magros do que há mais de um ano. Falaram para as câmaras, rodeados de um forte aparato militar e num ambiente de grande expectativa por parte das famílias. Os três homens seguem agora para um hospital em Israel, onde irão ser observados. Or Levy, israelita com ligações a Portugal, estava vestido ao jeito militar, apesar de ser civil - para o Hamas, qualquer homem israelita com menos de 50 anos é tratado como se fosse militar.
Ao microfone, Ohad Ben Ami, ladeado por elementos do Hamas, pediu: "Estou a ser libertado agora por causa de um acordo que acontece na sequência de negociações. Imploro que o segundo e terceiro acordos sejam implementados, que a guerra acabe e que todos os prisioneiros voltem a casa em segurança".
As autoridades israelitas e familiares, adianta o Times of Israel, já criticaram a magreza dos reféns entregues. Também as famílias dos reféns ainda sem data de libertação desesperam.
Einav Zangauker, cujo filho ainda se encontra refém, falou aos jornalistas "a borbulhar de raiva". Depois de ver o estado físico aparente de quem foi libertado este sábado, diz temer cenário igual com o filho. "Nem quero pensar em que estado ele me vai ser devolvido, se chegar a ser devolvido", lamenta.
Amos Horn, cujo irmão também continua sob alçada do Hamas, vai mais longe e diz que, olhando para os libertados este sábado, quem continua refém deve estar em "condições infernais e parecidas com o Holocausto".
"Eles não podem continuar lá muito mais tempo", pede, deixando críticas a Netanyahu, que continua por Washington. "Ao mesmo tempo que cidadãos israelitas são libertados a parecerem sobreviventes do Holocausto, Netanyahu passa o seu tempo num hotel de luxo em Washington".
Por sua vez, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, declarou que "as imagens chocantes" que vimos hoje "não ficarão sem resposta".
O Presidente israelita, Isaac Herzog, também comentou as imagens. "É este o aspeto de um crime contra a humanidade", afirmou Herzog numa declaração, na qual encorajou todos a "olharem diretamente" para os três homens libertados.
Herzog saudou a luta das famílias dos raptados israelitas para os levar para casa e insistiu que a conclusão de todas as fases do acordo de cessar-fogo com o Hamas "é um dever humanitário, moral e judaico".
Em troca, Israel liberta 183 prisioneiros palestinianos, que também começaram a ser libertados este sábado. Os prisioneiros estão a ser levados de autocarro para Ramallah, onde, avança o Times of Israel, estão a ser recebidos um a um pela população em festa.
Os prisioneiros foram levados para Ramallah num autocarro da Cruz Vermelha que os transportou desde a prisão israelita de Ofer. Foram recebidos por uma multidão em delírio e alguns deles foram levados em ombros por familiares e amigos, segundo imagens transmitidas em direto pela televisão al Jazeera do Qatar.
Os libertados vão ser observados por equipas médicas, segundo a agência espanhola EFE.
Or Levy, de 33 anos, tinha o processo de cidadania portuguesa a decorrer quando foi raptado pelo Hamas. A mulher foi morta no festival Supernova.
Ohad Ben Ami e Eli Sharabi, os outros dois reféns que também estão a ser libertados este sábado, foram capturados no Kibutz Be'eri durante o ataque liderado pelo Hamas.
Na madrugada de 7 de outubro de 2023, Or Levy chegou, juntamente com a esposa, Eynav, ao recinto do Festival Supernova, no sul de Israel, depois de deixarem o filho com os avós maternos.
“Tinham feito uma pausa da sua rotina de casal jovem com um filho de dois anos”, contou o irmão Michael Levy à Renascença, em dezembro de 2023.