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Pistas de dinheiro vivo baseiam pedido de condenação de Sarkozy por corrupção

27 mar, 2025 - 00:36 • Lusa

Antigo presidente é suspeito de ter estabelecido um "pacto de corrupção" com o antigo dirigente líbio Muammar Kadhafi, para que este financiasse a sua campanha.

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"Pistas de dinheiro líquido" ilegal na campanha de 2007 alimentam o "conjunto de índices" de uma corrupção pelos líbios e levaram os procuradores franceses a pedir hoje a condenação do ex-presidente Nicolas Sarkozy.

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Estes desenvolvimentos ocorreram durante o segundo dia da apresentação das justificações pela acusação da condenação pedida de Sarzoky, por financiamento ilegal de campanha eleitoral, e de três antigos ministros, por cumplicidade.

O antigo presidente é suspeito de ter estabelecido um "pacto de corrupção" com o antigo dirigente líbio Muammar Kadhafi, para que este financiasse a sua campanha.

Sarkozy contesta a acusação desde o início do processo.

O procurador Quentin Dandoy reconheceu que "não há proporção entre as somas paga neste pacto de corrupção", cerca de seis milhões de euros, segundo a acusação, "e o dinheiro vivo encontrado na campanha", de algumas dezenas de milhares de euros.

"Não estabelecemos a existência de um sistema de faturas falsas, nem provas de que os envolvidos tivessem beneficiado de pagamentos em dinheiro vivo", admitiu. "Mas deste dinheiro vivo há pistas. Mínimas, mas existem".

Na continuação, adiantou que "existe um conjunto de sinais, quando se analisa o funcionamento desta campanha", citando os reembolsos em dinheiro vivo dos custos de hotelaria e restauração.

Dandoy evocou a seguir testemunhos de líbios e do intermediário Ziad Takieddine: "Disseram que este dinheiro vinha da Líbia, falaram de um agente da corrupção com capacidade de transportar malas, disseram que este dinheiro vivo deveria ser entregue a um homem, Claude Guéant. Este homem, na altura da eleição presidencial, alugou um cofre forte, nas proximidades do quartel-general da campanha, "e foi incapaz de explicar porquê".

Dirigindo-se ao tribunal, acentuou: "Só englobando, considerando a totalidade da nossa demonstração podereis ser convencidos" que houve pagamentos, "que o dinheiro foi utilizado, sem qualquer dúvida" na campanha, sublinhando que Nicolas Sarkozy teria "validado" as contas.

Os três procuradores pediram ainda a condenação dos ex-ministros Eric Woerth, Brice Hortefeux e Claude Guéant, por cumplicidade no financiamento ilegal da campanha.

Antes, tinham pedido o reconhecimento da culpa de Sarkozy em corrupção, ocultação do desvio de fundos públicos e associação de malfeitores.

Na terça-feira, não pouparam nas palavras sobre Sarkozy, o "verdadeiro decisor, o verdadeiro comandante" de um pacto de corrupção "inconcebível, inédito, indecente", estabelecido com Khadafi para financiar a sua campanha.

Tinha concedido à defesa que não acreditavam na tese de um "frente a frente" entre Sarkozy, então ministro do Interior, e Kadhafi, na tenda deste, em Tripoli, em outubro de 2005.

Mas o acolhimento, "digno de um chefe de Estado", tinha selado, na sua opinião, o pacto organizado nos bastidores pelos "homens de mão", com Claude Guéant e Brice Hortefeux a serem apontados do lado francês.

Antes de abordar o financiamento da campanha, o procurador Philippe Jaéglé detalhou hoje as "contrapartidas" prometidas, na sua análise, do apoio financeiro, por Sarkozy.

Desde logo, "apoio diplomático" para "consolidar o regresso da Líbia à cena internacional", depois do levantamento do embargo em 2003, com, em particular, a visita "faustosa" a Paris, em dezembro de 2007, "que muito chocou", de Kadhafi, "cujas mãos estavam cobertas de sangue".

Mas também as "iniciativas" de Claude Guéant, designadamente para "encontrar uma saída jurídica para a situação de Abdallah Senoussi", cunhado de Kadhafi, que pretendia a anulação da sua condenação a prisão perpétua, pelo atentado ao aparelho DC-10 da UTA, que causou a morte a 170 pessoas, entre as quais 54 franceses, em 1989.

Ou ainda o facto de Claude Guéant ter "favorecido" a venda de helicópteros de combate à Líbia e "pressionado" a favor da venda de um reator nuclear civil para a Líbia, "ignorando a opinião esclarecida" da Areva e "desprezando o imperativo da segurança do Estado".

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