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Índia e Paquistão à beira de uma guerra em larga escala

07 mai, 2025 - 10:19 • João Cunha

Os dois países vizinhos envolveram-se esta manhã em fortes bombardeios transfronteiriços, depois da India disparar mísseis contra o Paquistão. Ambos já pediram aos residentes em Caxemira para abandonar a região e procurar refúgio.

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As forças armadas da Índia atacaram na madrugada desta quarta-feira nove alvos no Paquistão e na Caxemira paquistanesa, no âmbito da operação "Sindoor", anunciou o exército indiano.

A ofensiva foi "focada, medida“ e "não visa uma escalada", sublinharam os responsáveis indianos.

Nenhuma instalação militar paquistanesa foi visada, segundo um comunicado oficial. A India garante que os alvos foram campos de militantes pertencentes a grupos terroristas, entre os quais o que terá sido o responsável pelo atentado de 26 de abril, na Caxemira indiana.

De acordo, contudo, com o Ministério da Defesa do Paquistão, os ataques indianos atingiram três locais civis, incluindo duas mesquitas.

Por isso, as autoridades paquistanesas acusam a Índia de "mentir" sobre os alvos, assegurando que não havia campos de militantes pertencentes a grupos terroristas nos locais atingidos.

Os ataques indianos visaram ainda uma estrutura de captação na barragem de Noseri, no rio Neelum, na Caxemira paquistanesa. Um rio que é um recurso vital que sustenta centenas de milhões de pessoas no Paquistão e no norte da Índia. Depois do atentado na Caxemira indiana, a Índia suspendeu o Tratado das Águas do Indo, que rege a partilha de água. Islamabad classificou como um ato de guerra qualquer tentativa de interromper ou desviar água pertencente ao Paquistão.

As forças armadas do Paquistão dizem, entretanto, ter abatido vários aviões militares indianos.

"A resposta do Paquistão à Índia foi enérgica e adequada. A Força Aérea do Paquistão abateu cinco aviões de combate indianos", afirmou o Governo paquistanês, numa breve mensagem divulgada na rede social X.

Fontes indianas afirmaram, contudo, que não se perdeu qualquer avião da Força Aérea do país durante a operação e rejeitaram as declarações paquistanesas, denunciando serem propaganda sem fundamento.

Entretanto, o primeiro-ministro indiano cancelou a visita que tinha prevista, a partir de hoje, à Croácia, Holanda e Noruega.

Ataques indianos a vários alvos

De acordo com Islamabad, Deli lançou de madrugada ataques contra uma série de alvos em território paquistanês, mantendo-se dentro do próprio espaço aéreo, mas utilizando armas de longo alcance para atacar áreas civis.

Os alvos referidos encontravam-se em Muridke e Bahawalpur, na província paquistanesa do Punjab, e Bagh, Kotli e Muzaffarabad, na Caxemira administrada pelo Paquistão, do outro lado da chamada Linha de Controlo, a fronteira de facto entre as duas potências nucleares.

De acordo com o Governo paquistanês, 26 civis morreram e 46 ficaram feridos.

Nova Deli, por sua vez, relatou a morte de sete civis em território indiano, em virtude de bombardeamentos paquistaneses, que Shehbaz Sharif, o primeiro-ministro paquistanês, justificou com "o direito de responder energicamente a este ato de guerra".

Por seu lado, o secretário dos negócios estrangeiros do governo indiano, Vikram Misri, referiu em conferência de imprensa que “a Índia exerceu o seu direito de responder e prevenir, bem como de dissuadir novos ataques transfronteiriços”, num conjunto de ações militares “comedidas, não escalonadas, proporcionais e responsáveis”.

Culpou o Paquistão pelo ataque de abril contra civis na Caxemira indiana e acusou Islamabad de apoiar o "terrorismo" naquela região.

“Apesar de terem se passado duas semanas desde o ataque, não houve nenhuma medida do Paquistão contra a infraestrutura terrorista no seu território ou em território sob seu controle.”

Tanto a Índia como o Paquistão reivindicam a totalidade da região de Caxemira e travaram várias guerras pela região desde que se tornaram independentes do Reino Unido, em 1947.

Apelo a residentes em Caxemira para abandonarem a região

Moradores da região de Caxemira administrada pelo Paquistão dizem esta manhã a várias agências internacionais que foram forçados a fugir das suas casas e a abrigarem-se.

"De repente, a eletricidade foi-se. Pensei que um transformador tivesse estourado, mas depois descobri que as tropas indianas tinham começado a bombardear e a atirar contra nós", disse à CNN Raja Shahid Bashir, morador de Shawai, na Caxemira administrada pelo Paquistão.

“Projéteis caíram perto da nossa casa e nós saímos, em pânico, pegámos no gado e nos nossos pertences e procurámos refúgio”

Zeeshan Akram, morador de Muridke, na província de Punjab, no Paquistão, disse à agência Reuters que drones apareceram nas primeiras horas de quarta-feira e atingiram uma mesquita na cidade, destruindo-a.

"O medo e o terror espalharam-se entre as pessoas, que saíram para os campos, ao relento, sem mais nem menos".

Entretanto, as autoridades na Caxemira administrada pela Índia ordenaram a retirada de cidadãos de áreas que consideram perigosas.

Na rede social X, o vice-governador de Jammu e Caxemira, Manoj Sinha, orientou todos os municípios a transferir moradores de “áreas vulneráveis para locais mais seguros”, garantindo que alojamento, alimentação e medicamentos serão fornecidos a todos os que forem obrigados a sair das suas casas.

A esta hora, o primeiro-ministro paquistanês Shehbaz Sharif, preside a uma reunião de alto nível do Comitê de Segurança Nacional e provavelmente fará, depois, um discurso à nação.

Mundo pede moderação

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse esta manhã, numa declaração publicada no site no Ministério russo das Relações Exteriores, que está profundamente preocupado com o aprofundamento do confronto militar entre a Índia e o Paquistão – pedindo a ambos os países que mostrem moderação.

A China lamentou a ação militar da Índia contra o Paquistão, confessando-se preocupada com a escalada da tensão militar entre a India e o Paquistão, ambas potências nucleares.

“Índia e Paquistão são vizinhos que não podem ser movidos, e ambos também são vizinhos da China”, disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China.

O vice-primeiro-ministro dos Emirados Árabes Unidos, Abdullah bin Zayed Al Nahyan, diz que “acompanha com grande preocupação a escalada contínua entre a Índia e o Paquistão” e pediu “a resolução da crise por meio de canais diplomáticos”.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse esperar que acabe rápido este conflito.

Por seu lado, o Secretário de Estado norte-americano Marco Rubio garantiu que o governo dos Estados Unidos estava a acompanhar de perto a escalada militar no sul da Ásia.

França pediu que a Índia e o Paquistão demonstrem moderação enquanto a pior violência em duas décadas ocorre entre os dois vizinhos, ambos com armas nucleares.

“Entendemos o desejo da Índia de se proteger contra o flagelo do terrorismo, mas obviamente pedimos à Índia e ao Paquistão que exerçam moderação para evitar a escalada e, claro, para proteger os civis”, disse o Ministro das Relações Exteriores Jean-Noel Barrot, numa entrevista na televisão francesa TF1.

O Secretário-chefe do Gabinete do governo do Japão expressou profunda preocupação de que esta situação possa levar a novas trocas de retaliações que possam levar a um conflito militar em larga escala.

“Pela paz e estabilidade do Sul da Ásia, instamos fortemente a Índia e o Paquistão a exercerem moderação e estabilizarem a situação através do diálogo”, declarou Yoshimasa Hayashi

O embaixador de Israel na Índia, Reuven Azar, declarou em comunicado que Israel apoia o direito da Índia à autodefesa. Numa publicação na rede social X, Azar afirmou ainda que “ os terroristas devem saber que não há onde se esconderem dos seus crimes hediondos contra inocentes”.

Por fim, o porta-voz do Secretário-Geral das Nações Unidas garantiu, em comunicado, que António Guterres “está muito preocupado com as operações militares indianas na Linha de Controle e na fronteira internacional”, e que pede “máxima contenção militar de ambos os países".

“O mundo não pode se dar ao luxo de um confronto militar entre a Índia e o Paquistão”, acrescentou.

Aviação desvia-se da zona

Os ataques colocaram a região em alerta, com as companhias aéreas comerciais a manterem-se quase totalmente afastadas do espaço aéreo paquistanês, como mostra o site de rastreamento de voos Flightradar24.

O aeroporto de Srinagar, a maior cidade da Caxemira administrada pela Índia, foi fechado ao tráfego civil, e várias companhias aéreas suspenderam ou desviaram voos para o Paquistão e o noroeste da Índia.

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  • EU
    07 mai, 2025 PORTUGAL 11:30
    Acabem com as Forças Armadas Portuguesas, acabem.......... Se e SÓ se isto for PERTO de NÓS, a quem quer acabar com as FAP, até a " passarinha" lhes treme.

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