16 mai, 2025 - 08:30 • André Rodrigues , João Pedro Quesado , Daniela Espírito Santo com Reuters
A Ucrânia e a Rússia aceitaram, esta sexta-feira, trocar mil prisioneiros. A informação foi confirmada pelo ministro da Defesa, Rustem Umerov, na televisão ucraniana, na sequência das negociações entre os dois países que decorreram na Turquia.
Se acontecer, trata-se da maior troca de prisioneiros desde a invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022.
As negociações entre Rússia e Ucrânia para um cessar-fogo duraram menos de duas horas, sem sinais de progressos e com a Ucrânia a falar em exigências inaceitáveis da parte de Moscovo.
As delegações dos dois países estiveram reunidas em Istambul pela primeira vez desde março de 2022. Pouco antes, a delegação ucraniana esteve reunida com os Estados Unidos da América (EUA) e com a Turquia no Palácio Dolmabahçe, também em Istambul.
De acordo com a Reuters, fonte da equipa diplomática da Ucrânia disse que as exigências da Rússia eram "desligadas da realidade e vão muito além de qualquer coisa anteriormente discutida".
Essas exigências terão incluído ultimatos à Ucrânia para abandonar partes do seu território de forma a obter um cessar-fogo, e outras "condições não-construtivas", cita a Reuters.
Antes do início desta reunião, uma fonte diplomática ucraniana citada pela agência Reuters, acusou a delegação russa de exigir que as negociações se desenrolem sem a presença de representantes dos Estados Unidos e da Turquia. A mesma fonte refere que esta exigência é um sinal de que o Kremlin "pretende paralisar o esforço de paz, o que faz duvidar que Putin os tenha enviado para resolver os problemas".
"Há apenas uma razão para os russos terem medo de ter os Estados Unidos na sala: eles vieram para paralisar o processo, não para resolver problemas, e querem escondê-lo dos Estados Unidos", acrescentou a mesma fonte sob anonimato.
Os líderes da Ucrânia, Alemanha, França, Reino Unido e Polónia conversaram ao telefone com o Presidente dos EUA, Donald Trump. A informação foi confirmada esta sexta-feira pela Presidência ucraniana e uma fotografia do momento foi partilhada nas redes sociais.
Entretanto, o Vaticano terá oferecido ajuda para promover a paz na Ucrânia, sugerindo a Santa Sé como "um lugar muito apropriado" para a realização de conversações entre a Rússia e a Ucrânia. É uma informação avançada pela RAI, que cita o Secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin.
Horas antes do início das negociações em Istambul, a televisão pública ucraniana deu conta de explosões em Dnipro, no leste do país. Às primeiras horas da manhã desta sexta-feira, a força aérea ucraniana emitiu um alerta de ataque com mísseis na região, antes de serem reportadas as explosões.
Já em Moscovo, o exército russo reclama o controlo de seis localidades na região de Donetsk, nos últimos sete dias.
"Na sequência das intensas ações das unidades do agrupamento militar Zapad (Ocidente), foi libertada a localidade de Torske, da república popular de Donetsk", indicou o comando militar russo.
Além disso, o agrupamento militar Tsentr tomou as localidades de Kotliarivka, Miroliubivka, Mijailivka e Novoaleksandrivka, como parte dos esforços russos para conquistar o importante centro logístico de Pokrovsk.
Finalmente, o Ministério russo da Defesa confirma que o agrupamento militar Vostok tomou a localidade de Vilne Pole.
Entretanto, esta manhã, Donald Trump disse estar disponível para encontrar-se com Vladimir Putin, "assim que pudermos organizar". Em declarações no Dubai, o Presidente norte-americano insistiu que não foi a Istambul por entender que "nada vai acontecer" até que haja um encontro com Vladimir Putin.
Perante os atrasos no início das negociações de paz para a Ucrânia, o primeiro-ministro britânico considera que “Vladimir Putin tem de pagar o preço pela recusa da paz”.
Nas últimas horas, Keir Starmer acusou o Presidente russo de utilizar uma “tática de hesitação” nas negociações para prolongar o conflito.
Starmer insiste na urgência de um cessar-fogo total e incondicional e, se Moscovo não se sentar à mesa das negociações terá de sofrer as consequências. Em cima da mesa estará o alargamento das sanções contra o setor energético russo.
A associação Repórteres Sem Fronteiras (RSF) acusa as forças russas de, deliberadamente, estarem a atacar hotéis onde os jornalistas estão hospedados, com o objetivo de “intimidá-los e reduzi-los ao silêncio".
Pauline Maufrais, chefe da delegação dos RSF na Ucrânia, diz que, entre o início da guerra em fevereiro de 2022 e 15 de março de 2025, ocorreram 31 ataques por parte do exército russo a 25 hotéis, sobretudo nas regiões de Kharkiv, Donetsk e Dnipro.
De acordo com a RSF, nesses ataques, pelo menos um jornalista morreu e sete ficaram feridos.
"Os ataques a hotéis que hospedam jornalistas na Ucrânia não são acidentais, nem aleatórios", denuncia Maufrais.
Guerra na Ucrânia
O Presidente ucraniano e o Papa conversaram por te(...)
[notícia atualizada às 15h17 com o fim das negociações diretas entre Rússia e Ucrânia e o anúncio da troca de prisioneiros]