19 mai, 2025 - 13:39 • Vítor Mesquita , Daniela Espírito Santo com Lusa
É o início de uma nova parceria estratégica, com os dois lados a trabalhar para reconstruir a confiança. Quem o diz é António Costa, presidente do Conselho Europeu, no arranque de uma conferência de imprensa onde também figuraram Ursula Von der Leyen e o primeiro-ministro britânico Keir Starmer. "Somos mais fortes quando estamos juntos", diz Costa. Ursula Von der Leyen, por sua vez, fala num "virar de página" nas relações entre as duas potências.
Anuncia-se, assim, oficialmente o acordo que vai relançar relações entre a União Europeia e Reino Unido, acordo alcançado esta segunda-feira, na primeira cimeira entre os dois lados desde o Brexit.
Nesta cimeira foram definido objetivos comuns de política externa, um pacto sobre segurança e defesa e um entendimento comum sobre várias áreas de cooperação futura.
É um acordo que engloba várias áreas e que marcar o reatar das relações entre o Reino Unido e a União Europeia, depois de vários anos do Brexit.
O grande destaque vai para a parceria na Defesa com os dois blocos a unirem-se numa altura de instabilidade geopolítica e em que a Europa prepara-se para investir mais nas forças armadas.
Apesar de faltarem dados, o acordo prevê o movimento livre de jovens entre os dois territórios. Para os britânicos, vão poder usar controlos eletrónicos de passaporte, quando forem de férias para território da UE.
A questão das pescas fica resolvida. Os barcos europeus continuarão a ter acesso a águas britânicas ao longo dos próximos 12 anos. Em contrapartida, algumas cedências vão ser feitas no que toca a exportações de comida.
"A Grã-Bretanha está de volta ao palco mundial", começa por dizer, relembrando também acordos comerciais alcançados recentemente com a Índia e EUA. "Isto significa que empregos foram salvos, que mais crescimento será gerado e é também um enorme voto de confiança no nosso país", acrescenta.
Segundo o primeiro-ministro britânico, o acordo alcançado hoje dá ao Reino Unido "acesso sem precedentes ao mercado da UE", "o melhor de qualquer país fora da UE". No entanto, isso não significa "voltar a aderir ao mercado único, à união aduaneira ou regressar à liberdade de circulação", faz questão de dizer.
Já von der Leyen também recusa falar em reintegração, preferindo dizer que se trata de "um novo começo para velhos amigos". "Ainda há muito pela frente, assegura.
A parceria para a segurança e defesa que foi anunciada hoje numa cimeira em Londres serve, dizem as partes, para responder à crescente "volatilidade" no continente europeu, em particular face à ameaça russa.
"As posições do Reino Unido e da UE em matéria de política externa e de segurança estão estreitamente alinhadas em muitas questões relacionadas com as perspetivas e os desafios globais, à luz de valores partilhados, incluindo a promoção da democracia e o empenhamento na defesa do direito internacional", referiu um documento publicado no seguimento da cimeira, a primeira de alto nível desde que Londres saiu do bloco comunitário em 2020.
O pacto visa reforçar a cooperação em questões como o apoio à Ucrânia, iniciativas de segurança e defesa, incluindo a indústria da defesa, mobilidade de equipamento e pessoal e segurança espacial.
A parceria prevê encontros regulares de alto nível e consultas estratégicas entre responsáveis da UE e do Governo britânico, bem como a colaboração em missões de paz, cibersegurança, combate a ameaças híbridas e a proteção de infraestruturas críticas, como cabos de telecomunicações e de eletricidade submarinos.
O pacto não assegura imediatamente o acesso das empresas britânicas da indústria de defesa ao programa militar europeu Ação de Segurança para a Europa (SAFE, na sigla em inglês), que vai mobilizar 150 mil milhões de euros em créditos para a aquisição conjunta de equipamento militar.
Mas esta parceria abre o caminho a negociações sobre os termos da participação nos concursos europeus de aquisição de armamento.
[Notícia atualizada às 15h30 de 19 de maio de 2025 para acrescentar declarações da conferência de imprensa]