Vinte anos de prisão para cirurgião francês que violou mais de 200 crianças

Um antigo cirurgião francês, que abusou sexualmente de mais de 200 crianças, foi condenado a 20 anos de prisão, a pena máxima possível para este tipo de crime em França. Joël Le Scouarnec admitiu ter abusado sexualmente de 299 pessoas, a maioria crianças e jovens, e muitos dos menores estavam anestesiados no momento da agressão sexual. Os crimes ocorreram entre 1989 e 2014.

O julgamento arrancou a 24 de fevereiro no Tribunal Penal de Morbihan, em Vannes, França, com o francês acusado de centenas de crimes de violação e agressão sexual. Joel Le Scouarnec, 74 anos, disse ao tribunal que cometeu "atos desprezíveis" ao longo de um período de 25 anos enquanto trabalhava como médico.

"Estou ciente de que o dano que causei é irreparável", disse, no início do julgamento. "Devo a todas essas pessoas e aos seus entes queridos a admissão das minhas ações que eles suportaram e continuarão a ter de suportar por toda a vida", acrescentou.

O francês já cumpria pena de prisão por condenações anteriores por crimes sexuais: em 2020, foi condenado a 15 anos de prisão por violação e agressão sexual de uma criança sua vizinha. Também foi condenado por ter abusado de duas sobrinhas e de uma paciente de 4 anos.

Antes disso, em 2005, foi condenado por descarregar imagens de abuso sexual infantil e foi condenado a uma pena de prisão suspensa. Apesar disso, continuou a trabalhar em hospitais públicos.

Enquanto o julgamento decorria, dezenas de vítimas e ativistas de direitos humanos protestaram em frente ao tribunal, segurando uma faixa feita de centenas de pedaços de papel branco com silhuetas pretas, uma para cada vítima. Alguns dos papéis continham o primeiro nome e a idade das vítimas, outros diziam simplesmente "anónimo".

Em 2017, quando se investigava a violação da vizinha de Le Scouarnec (de 6 anos), foram descobertos diários que detalhavam mais de duas décadas de agressões sexuais contra pacientes em hospitais da região.