09 jun, 2025 - 11:16 • José Pedro Frazão
Na intervenção de abertura da Conferência das Nações Unidas dos Oceanos, António Guterres partilhou uma visão de esperança no multilateralismo na área oceânica. Lembrando os compromissos de proteção de 30% do oceano até 2030 e o Tratado do Alto Mar, o secretário-geral da ONU apelou à ratificação deste tratado até aos 60 signatários, para entrada em vigor do Acordo.
"Apelo também a todos os países para que cheguem a acordo sobre um tratado ambicioso e juridicamente vinculativo sobre poluição por plástico – ainda este ano. É essencial concluir com sucesso o acordo sobre as pescas atualmente discutido na Organização Mundial do Comércio", apelou Guterres, lembrando que a Organização Marítima Internacional comprometeu-se a atingir emissões líquidas zero do transporte marítimo até 2050. "Isto prova que o multilateralismo funciona – mas apenas se combinarmos palavras com ações", alertou em Nice.
Sobre a mineração no mar profundo, Guterres omitiu algumas frases que tinha preparadas sobre a necessidade de seguir a ciência e de equilibrar a proteção ambiental com os interesses nos recursos marinhos, para se focar numa frase forte: "O mar profundo não pode transformar-se num faroeste".
Guterres quer mais planos nacionais concretos alinhados com as metas globais, mas sobretudo mais investimento. O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 14, sobre a vida na água, continua a ser um dos Objetivos com menor financiamento.
"Isto precisa de mudar – através de um aumento do financiamento público, de um maior apoio de bancos de desenvolvimento e modelos ousados para libertar capital privado", exortou Guterres.
O secretário-geral da ONU disse encontrar esperança em Nice para mudar a maré, no sentido da proteção e da equidade, sublinhando que "o que foi perdido numa geração pode voltar noutra geração".