10 jun, 2025 - 12:21 • Liliana Monteiro
O especialista em assuntos internacionais Manuel Poejo Torres considera que os ataques em grande escala no âmbito da guerra na Ucrânia decorrem da "necessidade levar à erosão da posição de força do adversário".
Durante a madrugada desta terça-feira, a Rússia levou a cabo um dos maiores ataques a Kiev e a Odessa, onde foram empenhados mais de 300 drones.
À Renascença, Poejo Torres lembra que "a Ucrânia levou a cabo um ataque de enorme sucesso operacional" contra as bases aéreas russas "que tinham bombardeiros de capacidade nuclear preparados para atacar e bombardear cidades ucranianas", levando a "que os russos antecipem os planos de enfraquecimento da posição ucraniana nas negociações".
"Quanto mais fraco tiver a posição de um e de outro, mais facilmente uma das partes poderá capitular em função dos termos dos acordos da terceira parte", diz.
O consultor da NATO acrescenta que apesar da posição "fragilizada", a Ucrânia "mostra que tem a capacidade operacional e a coordenação logística para empenhar esforços no ataque de vectores aéreos estratégicos da própria Rússia".
Por esse motivo, o doutorado em Ciência Política, Segurança e Defesa pela Universidade Católica Portuguesa admite a possibilidade de a Rússia possa "perder face do ponto de vista daquilo que é a tentativa de mostrar ao mundo que tem um músculo militar muito desenvolvido, quando na verdade não tem".
Manuel Poejo Torres não descarta, ainda assim, que o "mesmo possa acontecer à Ucrânia", uma vez que pode "perder os Estados Unidos da América até ao final do mandato de Donald Trump" ou perder apoio por parte dos europeus, fragilizando a sua posição negocial".
"A Ucrânia tem que mostrar que continua disponível do ponto de vista operacional, do ponto de vista logístico, para atingir centros de gravidade estratégicos na própria Rússia", considera o especialista.