10 jun, 2025 - 12:49 • Liliana Monteiro
O envio de forças policiais e militares em grande escala para Los Angeles são pura ação da administração de Donald Trump, que tenta mostrar a força das politicas de imigração que estão em curso, e ao mesmo tempo fazer combate político. A análise é feita na Renascença por Manuel Poêjo Torres, especialista em assuntos internacionais.
Em comentário ao novo anúncio de reforço de polícias, mais dois mil guardas nacionais, para tentarem colocar ordem na cidade de Los Angeles que há quatro dias é palco de protestos contra a detenção de imigrantes alegadamente ilegais, este especialista diz que Donald Trump está a extravasar o previsto na lei.
'Este tipo de medidas são especificas da administração de Donaldo Trump, já aconteceu no passado, em 2020, em Washington, e agora na Califórnia. A Califórnia não é um Estado como os outros, é um epicentro de força democrática nos EUA e o seu governador, Gavin Newsom, seria provavelmente cabeça de lista à próxima liderança do partido democrático e, por isso, atacar, no sentido de pressionar o governador, é uma forma de apostar na linha dura de Trump de combater a imigração ilegal do México, ao mesmo tempo que tenta esmagar a ação de um potencial rival político', afirma.
Manuel Poêjo Torres sublinha que a atuação policial e militar levanta questões. 'Há abuso por parte das forças federais no estado da Califórnia. Este destacamento de militares, fuzileiros, da Guarda Nacional pressupõe que exista um procedimento próprio para ativação e Trump saltou algumas etapas especialmente quando coloca a Guarda Nacional da Califórnia destacada na Califórnia”.
“A Guarda Nacional está ao serviço do governador de cada Estado, não é força federalizada e não pode, por isso, ser ativada nem destacada às ordens do Presidente americano. Só pode acontecer de acordo com a lei da insurreição dos Estados Unidos", enfatiza.
Os protestos começaram na passada sexta-feira após a detenção de vários imigrantes por suspeitas de permanência ilegal no país.
Poêjo Torres, sublinha que o cerco aos imigrantes está mais apertado. "O conselheiro máximo de Trump para questões de imigração, Stephen Miller, propõe que a polícia e os serviços da imigração tenham quotas de três mil detenções diárias, em princípio de pessoas com cadastro, mas já se passou à fase seguinte que é a detenção de todos os ilegais. Este responsável propõe que a quota seja atingida através do policiamento de alguns espaços comerciais conhecidos como zonas onde estas pessoas permanecem à espera que alguém os chame para trabalhar."
A Califórnia é vista como um Estado difícil em matéria de imigração e diz este comentador, é um alvo da Administração Trump que o chama de “mini México”.
A tensão tem aumentado entre manifestantes e policias, mas Manuel Poêjo Torres considera que tenderá agora a pacificar, embora possa demorar ainda alguns dias.