18 jun, 2025 - 15:31 • João Pedro Quesado com Reuters
O líder supremo do Irão, o aiatola Ali Khamenei, rejeitou esta quarta-feira a exigência de rendição incondicional feita pelo presidente dos EUA, Donald Trump, enquanto os iranianos entupiam as estradas de Teerão em fuga dos ataques aéreos israelitas intensificados.
Em declarações gravadas e exibidas na televisão, na primeira aparição desde sexta-feira, Khamenei, de 86 anos, disse que os americanos "deveriam saber que qualquer intervenção militar dos EUA será, sem dúvida, acompanhada de danos irreparáveis".
"Pessoas inteligentes que conhecem o Irão, a nação iraniana e sua história nunca falarão com esta nação em linguagem ameaçadora porque a nação iraniana não se renderá", avisou o aiatola.
Trump passou de propor um fim diplomático, rápido, para a guerra para sugerir que os Estados Unidos se podem juntar a ela. Em publicações nas redes sociais na terça-feira, Trump ponderou sobre matar Khamenei e, em seguida, exigiu a "rendição incondicional" do Irão.
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Uma fonte familiarizada com as discussões internas na Casa Branca disse à Reuters que Trump e a sua equipa estavam a considerar opções, incluindo juntar-se a Israel em ataques contra instalações nucleares iranianas.
O exército israelita afirmou que 50 caças atingiram cerca de 20 alvos em Teerão durante a noite, incluindo infraestruturas de produção de matérias-primas, componentes e sistemas de fabricação de mísseis. O exército ordenou que os iranianos deixassem partes da capital, para sua segurança, enquanto o ataque aos alvos era realizado.
O trânsito nas estradas que saem da cidade de 10 milhões de habitantes ficou congestionado. Arezou, de 31 anos, disse à Reuters por telefone que conseguiu chegar à cidade turística vizinha de Lavasan.
"Ficaremos aqui enquanto esta guerra continuar. A casa da minha amiga em Teerão foi atacada e o irmão dela ficou ferido. Eles são civis", disse ela. "Por que estamos a pagar o preço pela decisão do regime de prosseguir com um programa nuclear?"
Em Israel, sirenes soaram alertando a população sobre os ataques de mísseis iranianos em retaliação. Na estação ferroviária de Ramat Gan, a leste de Telavive, as pessoas estavam deitadas em colchões fornecidos pela cidade, alinhados ao longo do chão, com cadeiras de acampamento e garrafas plásticas de água espalhadas por toda a parte.
grupo reitera o "compromisso com a paz e a estabil(...)
"Sinto-me assustada, sobrecarregada. Principalmente porque moro numa área densamente povoada que o Irão parece estar a atacar e a nossa cidade tem prédios muito antigos, sem abrigos e espaços seguros", disse Tamar Weiss, enquanto segurava a sua filha de quatro meses.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia afirmou que o mundo estava "a milímetros de uma catástrofe" devido aos ataques diários às instalações nucleares do Irão. O ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha apelou aos líderes iranianos para que dessem garantias críveis de que não procuram ter uma arma nuclear, e demonstrassem disposição para encontrar uma solução negociada.
No Irão, as autoridades estão empenhadas em evitar pânico e escassez, e menos imagens de destruição foram autorizadas a circular do que nos primeiros dias do bombardeamento, quando a comunicação social estatal mostrou imagens de explosões, incêndios e apartamentos destruídos. Foi imposta a proibição de filmagens por parte do público.
O estado impôs também limites à quantidade de combustível que pode ser comprada. O ministro do Petróleo, Mohsen Paknejad, disse à TV estatal que as restrições foram impostas para evitar a escassez, mas que não haveria problemas no fornecimento de combustível ao público.
As autoridades iranianas relataram pelo menos 224 mortes em ataques israelitas, a maioria civis, embora esse número não seja atualizado há dias.
Em Israel, os ataques do Irão representam a primeira vez, após décadas de guerra oculta e conflito, que um número significativo de mísseis disparados pelo Irão penetrou as defesas aéreas, matando israelitas nas suas casas.
Desde sexta-feira, o Irão disparou cerca de 400 mísseis contra Israel. Cerca de 40 perfuraram as defesas aéreas, matando 24 pessoas, todas civis, de acordo com as autoridades israelitas.