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Quem é Sébastien Lecornu, o novo primeiro-ministro de França?

10 set, 2025 - 11:46 • Catarina Severino Alves

Antigo ministro da Defesa de François Bayrou e político próximo de Macron, a principal missão de Sébastien Lecornu vai ser negociar com os partidos um orçamento de Estado para 2026, num parlamento fragmentado.

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Sébastien Lecornu, antigo ministro da Defesa do Governo de François Bayrou, foi indigitado primeiro-ministro de França por Emmanuel Macron, esta terça-feira. Depois da queda de dois Governos em menos de um ano, a sua principal missão é negociar com os partidos um orçamento do Estado para 2026.

Lecornu, de 39 anos, ascende ao cargo num clima de instabilidade política e fragilidade económica, depois do chumbo de uma moção de confiança ao Governo de François Bayrou, que não reuniu consenso em torno do orçamento do Estado para 2026.

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O atual primeiro-ministro francês iniciou a sua carreira política no partido tradicional de direita “Os Republicanos”, fundando por Nicolas Sarkozy, antes de se juntar ao centro de Macron , em 2017.

Atualmente, é visto como aliado fiel do presidente, tendo integrado todos os governos desde a sua eleição.

Apesar da ausência de maioria absoluta na Assembleia Nacional desde 2022, Lecornu manteve-se durante três anos no cargo de ministro da Defesa, onde trabalhou com quatro primeiros-ministros: Élisabeth Borne, Gabriel Attal, Michel Barnier e François Bayrou.

Descrito pela imprensa francesa como pouco falador e reservado, Lecornu destacou-se politicamente aquando das negociações minuciosas com os deputados de todas as cores políticas para aprovar, quase por unanimidade, a lei de programação militar 2024-2030, com um aumento de 40% em relação à anterior.

“É apreciado por todos os lados da Assembleia”, afirmou um antigo membro da comissão de Defesa, citado pela televisão France 24, que o descreve como “um animal político” - domina os dossiês, responde sem consultar as suas notas e alterna entre elogios e críticas aos seus adversários.

Depois de Macron pedir para Lecornu manter conversações com todas as forças políticas no Parlamento, resta saber se as capacidades de negociação do novo primeiro-ministro serão capazes de criar consenso em torno do próximo orçamento do Estado.

No que toca ao tema, enquanto o seu antecessor foi acusado de dramatizar a questão da dívida, Lecornu afirmou recentemente não acreditar que o FMI esteja às “portas do Bercy [Ministério da Economia e Finanças]”.

Contudo, disse estar certo de que “se não fizermos nada, o país vai sufocar lentamente”.

Natural da Normandia, Lecornu estreou-se na política aos 19 anos, como assistente parlamentar. Em 2008, tornou-se o conselheiro ministerial mais jovem da história de França, no gabinete de Assuntos Europeus e, em 2015, o mais jovem presidente de um departamento francês, o de Eure, na Normandia, depois de ter sido presidente da câmara da sua terra natal, Vernon.

Chegou ao Governo com 31 anos, tendo passado por vários ministérios - Ecologia, Comunidades, Ultramar e Defesa.

O nome do novo primeiro-ministro francês foi conhecido poucas horas depois de François Bayrou ter entregue a demissão. O Governo que liderava foi derrubado na sequência do chumbo de uma moção de confiança, debatida esta segunda-feira na Assembleia Nacional, com 364 votos contra e 194 votos a favor.

Recentemente, o Governo de Bayrou apresentou um orçamento do Estado que previa um corte de 44 milhões de euros. As medidas tinham como objetivo diminuir o défice público.

A proposta de orçamento foi mal-recebida pela população e gerou críticas por parte de várias forças políticas, o que levou Bayrou a pedir uma moção de confiança, no final de agosto.

Como previsto, e dado que o Governo não tinha uma maioria que o sustentasse, a moção acabou por ser chumbada, ditando a queda do executivo.

Perante este cenário político, Emmanuel Macron tinha, essencialmente, três opções em cima da mesa – nomear imediatamente um novo primeiro-ministro, manter Bayrou num Governo de gestão ou convocar eleições antecipadas. Acabou por seguir o primeiro caminho, indigitando Sébastien Lecornu.

Esta é a segunda queda de Governo em menos de um ano, depois da saída de Michel Barnier, em dezembro de 2024, também por não conseguir aprovar o orçamento do Estado.

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