11 set, 2025 - 15:44 • Reuters
A Polónia anunciou esta quinta-feira que o Conselho de Segurança das Nações Unidas irá realizar uma reunião de emergência para discutir as incursões de drones no seu espaço aéreo, que o presidente polaco descreveu como uma tentativa da Rússia de testar a reação de Varsóvia e da NATO.
Varsóvia decidiu ainda proibir voos de drones ao longo das fronteiras com a Bielorrússia e a Ucrânia, além de limitar o tráfego aéreo de pequena escala naquela zona, depois de ter abatido, na quarta-feira, drones que, segundo o governo, eram russos e violaram o espaço aéreo nacional.
Foi a primeira vez, desde o início da guerra na Ucrânia, que um membro da Aliança Atlântica disparou contra equipamento russo.
Moscovo afirmou que não tinha intenção de atingir alvos em território polaco e recusou fazer mais comentários. Já um comandante sénior da NATO admitiu que ainda não está claro se as incursões foram deliberadas.
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O incidente levantou dúvidas sobre a preparação da Aliança para responder a ataques com drones, aumentou a tensão com a Rússia e levou alguns líderes ocidentais a pedir novas sanções contra Moscovo, questionando também o seu compromisso com os esforços de paz na Ucrânia.
“Esta provocação russa foi apenas uma tentativa de testar as nossas capacidades e a nossa prontidão de resposta”, declarou o presidente Karol Nawrocki, esta quinta-feira, perante militares.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros polaco confirmou ter solicitado a reunião do Conselho de Segurança, sem adiantar a data. Fontes diplomáticas, citadas pela Reuters, disseram que a Eslovénia, Dinamarca, Grécia, França e Reino Unido pediram que a sessão decorresse já na sexta-feira.
Segundo as autoridades, caças F-16 polacos, F-35 neerlandeses, aviões de vigilância AWACS italianos e aeronaves de reabastecimento da NATO participaram na operação que terminou com a destruição dos drones.
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O ministro da Defesa, Wladyslaw Kosiniak-Kamysz, revelou no parlamento que já foram recuperados destroços de 16 drones. O governante sugeriu que a motivação das incursões poderá estar relacionada com o papel da Polónia como principal corredor logístico de ajuda à Ucrânia.
“Isto é uma tentativa de enfraquecer a determinação da NATO e da Polónia em apoiar Kiev”, sublinhou.
Na quarta-feira, o primeiro-ministro Donald Tusk advertiu que este foi “o momento mais próximo de um conflito aberto desde a Segunda Guerra Mundial”, embora tenha acrescentado não acreditar que o país esteja “à beira da guerra”.
Tusk classificou o incidente como uma “provocação de larga escala” e anunciou a ativação do Artigo 4.º do Tratado do Atlântico Norte, que prevê consultas imediatas entre os aliados.
O presidente norte-americano Donald Trump falou com Nawrocki, assegurando a unidade entre Washington e Varsóvia, embora a Casa Branca tenha evitado comentários detalhados, numa altura em que a Bielorrússia prepara a libertação de prisioneiros após um apelo direto de Trump.
Vários líderes europeus defenderam que as violações do espaço aéreo justificam uma resposta coletiva. A Holanda vai enviar 300 militares e acelerar a entrega de duas baterias Patriot à Polónia, enquanto a República Checa admite enviar três helicópteros e 100 soldados, revelou Kosiniak-Kamysz.
Parlamentares dos três países bálticos vizinhos da Rússia apelaram ao Congresso norte-americano para rejeitar a proposta de Trump que prevê um corte de cerca de 200 milhões de dólares anuais no apoio à defesa da região.
“Nesta região, se a América sai, a Rússia entra”, disse Zygimantas Pavilionis, antigo embaixador da Lituânia em Washington.