15 set, 2025 - 15:40 • Reuters
Os Estados Unidos e a China chegaram a acordo para transferir a aplicação de vídeos curtos TikTok para propriedade controlada por entidades norte-americanas, decisão que será confirmado numa chamada entre o presidente Donald Trump e o presidente chinês Xi Jinping na próxima sexta-feira, segundo responsáveis norte-americanos.
O TikTok enfrentava a possibilidade de ser desligado nos EUA já a 17 de setembro, caso o grupo chinês ByteDance não aceitasse alienar a aplicação. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, admitiu que o prazo poderá ser prolongado para permitir a conclusão do acordo.
“Não vamos falar sobre os termos comerciais do negócio. Isso cabe às duas partes privadas, mas os termos comerciais já foram acordados”, afirmou Bessent no final de dois dias de negociações que decorreram em Madrid.
As conversações no Palácio de Santa Cruz, sede do ministério dos Negócios Estrangeiros espanhol, foram a quarta ronda em quatro meses, centrada não só no futuro do TikTok, mas também nas relações comerciais tensas entre Washington e Pequim.
“A grande reunião comercial na Europa entre os Estados Unidos da América e a China correu MUITO BEM! Está prestes a ser concluída”, escreveu na sua rede TruthSocial. “Foi também alcançado um acordo sobre uma ‘determinada’ empresa que os jovens do nosso país queriam muito salvar. Eles vão ficar muito felizes! Vou falar com o Presidente Xi na sexta-feira. A relação continua a ser muito forte!!!”
As delegações, lideradas por Bessent e pelo vice-primeiro-ministro chinês He Lifeng, têm-se reunido em várias cidades europeias desde maio para tentar ultrapassar divergências que levaram Trump a aumentar tarifas sobre importações chinesas e desencadearam medidas de retaliação por parte de Pequim, incluindo taxas alfandegárias elevadas e a suspensão da exportação de terras raras para os EUA.
O representante comercial norte-americano Jamieson Greer, também presente nas negociações em Madrid, afirmou que o acordo sobre o TikTok é “um sinal de boa fé” e poderá abrir caminho para progressos em matérias mais amplas como tarifas e política económica.
“Não é segredo que há questões sérias no comércio, economia e segurança nacional entre os Estados Unidos e a China. O facto de nos sentarmos, identificarmos os problemas, afinarmos os detalhes e chegarmos a uma conclusão – sujeita à aprovação dos líderes – é notável”, disse Greer.
Bessent disse que as conversações sobre outros temas irão prosseguir “nas próximas semanas”. Trump tem manifestado interesse em reunir-se pessoalmente com Xi, possibilidade que poderá ser discutida na chamada de sexta-feira.
Um responsável norte-americano revelara mais cedo que Washington avançaria com a proibição do TikTok caso Pequim não desistisse de exigir reduções de tarifas e menos restrições tecnológicas em troca do acordo de alienação.
“Os nossos homólogos chineses apresentaram um pedido muito agressivo”, comentou Bessent. “Não estamos dispostos a sacrificar a segurança nacional por causa de uma aplicação de redes sociais.”
As negociações decorreram no contexto de pressões norte-americanas sobre os seus aliados para que também imponham tarifas a importações chinesas, em resposta às compras de petróleo russo por parte de Pequim. Bessent confirmou que a questão da Rússia foi “brevemente abordada”.
Na mesma segunda-feira, Pequim anunciou uma investigação preliminar contra a Nvidia, acusando a tecnológica norte-americana de violar a lei antimonopólio. Bessent considerou o anúncio “um péssimo sinal em termos de timing”.
A investigação é amplamente vista como uma retaliação às restrições impostas por Washington ao setor chinês dos semicondutores.