16 set, 2025 - 15:34 • Reuters
Uma responsável da agência das Nações Unidas para a infância afirmou esta terça-feira que é “desumano” esperar que centenas de milhares de crianças abandonem a Cidade de Gaza, dado que os campos mais a sul são inseguros, sobrelotados e sem condições para as receber.
O anúncio surge no mesmo dia em que Israel confirmou o arranque da aguardada ofensiva terrestre contra a Cidade de Gaza, principal centro urbano do enclave, de onde ordenou a saída da população. Desde 14 de agosto, mais de 140 mil pessoas já fugiram para sul, segundo dados da ONU, numa cidade que conta com cerca de um milhão de habitantes.
“É desumano esperar que quase meio milhão de crianças, marcadas e traumatizadas por mais de 700 dias de conflito implacável, fujam de um inferno para acabar noutro”, declarou Tess Ingram, porta-voz da UNICEF, em videoconferência a partir do extenso campo de tendas de Mawasi, em Gaza.
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As condições são tão precárias que algumas pessoas que tinham fugido da nova ofensiva israelita regressaram à Cidade de Gaza, apesar dos bombardeamentos, disseram à Reuters.
“As pessoas não têm realmente uma boa opção: ou ficam em perigo ou fogem para um lugar que sabem também ser perigoso”, acrescentou Ingram, sublinhando que algumas crianças morreram no campo de Mawasi enquanto tentavam recolher água.
A porta-voz relatou ainda ter visto grandes grupos a abandonar a Cidade de Gaza esta semana. Uma mãe, Israa, fez o percurso a pé com os seus cinco filhos, famintos e sedentos, dois deles descalços, contou Ingram, que os encontrou.
“Estavam a caminhar para o desconhecido – sem destino claro ou plano – com pouca esperança de encontrar alívio”, concluiu.