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Crise em França

Primeiro-ministro francês demite-se e culpa "inflexibilidade" dos partidos

06 out, 2025 - 08:55 • Ana Kotowicz com Reuters

Lecornu levava apenas 27 dias no cargo, depois de ter sido nomeado a 9 de setembro. O seu executivo teve 14 horas de vida, tornando-se o mais curto da história moderna francesa.

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Nova crise política em França: Sébastien Lecornu, nomeado primeiro-ministro no início de setembro, demitiu-se. Não tinham sequer passado 24 horas desde a apresentação do novo governo e França volta a mergulhar na instabilidade política, arrastando consigo os mercados e o euro.

A demissão foi confirmada pelo Palácio do Eliseu e Lecornu, num curto discurso, culpou a inflexibilidade dos partidos pela sua demissão.

Na origem da saída do quinto primeiro-ministro nomeado pelo Presidente Emmanuel Macron (durante o seu segundo mandato que começou em 2022) está o anúncio, no domingo, de um elenco governativo que provocou a ira da oposição, pelo facto de incluir maioritariamente antigos ministros e pessoas próximas do atual Presidente da República. Mas nem os aliados de Lecornu ficaram satisfeitos.

Lecornu levava apenas 27 dias no cargo, depois de ter sido nomeado a 9 de setembro, ocupando o lugar deixado vago por François Bayrou, que se manteve nove meses à frente do Governo (que caiu depois de chumbada uma moção de confiança no Parlamento francês). O seu executivo teve apenas 14 horas de vida, tornando-se o mais curto da história moderna francesa.


Nomeados no domingo, os membros do governo deveriam ter a sua primeira reunião na tarde desta segunda-feira.

A culpa é da inflexibilidade dos partidos, diz Lecornu

"Não se pode ser primeiro-ministro quando as condições não estão reunidas", disse Lecornu num breve discurso após a sua demissão.

Para justificar a impossibilidade de avançar e negociar compromissos com os partidos rivais, culpou os "egos" dos políticos da oposição, que se mantiveram inflexíveis nos seus programas, enquanto os membros da sua coligação minoritária estavam mais focados nas suas ambições presidenciais. "Devemos sempre colocar o país acima do partido", afirmou.

Para formar o novo executivo, Lecornu manteve conversações com partidos de todo o espectro político durante várias semanas. No entanto, o resultado final não agradou a ninguém: demasiado à direita ou insuficientemente conservadora foram as críticas feitas por oposição e aliados, o que fazia prever, desde logo, um governo com uma curta esperança de vida.


Eleições já, diz a oposição

O partido de extrema-direita Reagrupamento Nacional instou Macron a convocar eleições legislativas antecipadas imediatamente, enquanto a esquerda radical França Insubmissa pediu a demissão do próprio Presidente francês.

Numa altura em que o Parlamento francês está cada vez mais fragmentado, a convocação de novas eleições legislativas — que Macron tem evitado convocar — parece, cada vez mais, a única solução possível.

"Apelo ao Presidente da República para dissolver a Assembleia Nacional. Esta brincadeira já dura há demasiado tempo, a farsa tem de acabar", declarou Marine Le Pen, líder do Reagrupamento Nacional.

Mathilde Panot, da França Insubmissa, teve reação idêntica: "Lecornu demite-se. Três primeiros-ministros derrotados em menos de um ano. O relógio começou a contar. Macron tem de sair."

Queda dos mercados e do euro

Com o anúncio de que a demissão foi aceite por Macron, os efeitos imediatos foram o abalo dos mercados. O índice CAC 40 de Paris caiu 2%, e estava, na manhã de segunda-feira, a caminho da maior queda diária desde agosto, tornando-se o índice com pior desempenho na Europa, com os títulos bancários a sofrerem forte pressão.

Já o euro caiu 0,7% no dia, fixando-se em 1,1665 dólares.

Antes de Bayrou, também o governo de Michel Barnier foi derrubado no parlamento.

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