08 out, 2025 - 23:59 • Fábio Monteiro
[Atualizado às 08h25 de quinta-feira]
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou esta quarta-feira que Israel e o Hamas aceitaram a primeira fase de um plano de paz mediado sob a sua liderança.
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Segundo publicação feita por Trump na rede social Truth Social, o acordo prevê a libertação de todos os reféns e a retirada das tropas israelitas até uma linha definida entre as partes.
“Estou muito orgulhoso por anunciar que Israel e o Hamas aprovaram a primeira fase do nosso Plano de Paz. Isto significa que TODOS os reféns serão libertados em breve e que Israel retirará as suas tropas para uma linha acordada, como primeiros passos rumo a uma Paz forte, duradoura e eterna”, escreveu Trump.
No mesmo anúncio, o chefe de Estado norte-americano sublinha que o plano garante tratamento equitativo para todas as partes envolvidas e que se trata de um momento histórico.
“Este é um GRANDE dia para o Mundo Árabe e Muçulmano, Israel, todos os países vizinhos e os Estados Unidos da América”, afirma, agradecendo também aos países que desempenharam um papel de mediação.
“Agradecemos aos mediadores do Qatar, Egipto e Turquia, que trabalharam connosco para tornar este evento histórico e sem precedentes possível. BENDITOS SEJAM OS PACIFICADORES!”, conclui.
Um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Qatar confirmou que os mediadores comunicaram às partes a aceitação integral dos termos da primeira fase do cessar-fogo no enclave de Gaza.
“Os mediadores anunciam que esta noite foi alcançado um acordo sobre todas as disposições e mecanismos de implementação da primeira fase do acordo de cessar-fogo em Gaza, que levará ao fim da guerra, à libertação de reféns israelitas e de prisioneiros palestinianos e à entrada de ajuda humanitária. Os detalhes serão anunciados mais tarde”, escreveu o porta-voz, numa mensagem publicada na rede social X.
Entretanto, o Ministro israelita das Finanças afirmou esta manhã que o grupo militante Hamas deve ser destruído, assim que os reféns regressarem de Gaza.
Bezalel Smotrich diz que que não votará a favor de um acordo de cessar-fogo com o Hamas para encerrar a guerra em Gaza, mas não ameaçou derrubar o governo de coligação com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
O Hamas, através de um comunicado divulgado esta noite, apelou à comunidade internacional para que garanta a implementação do acordo por parte de Israel.
“Apelamos ao Presidente Trump, aos Estados garantes do acordo e a todas as partes árabes, islâmicas e internacionais que obriguem o governo de ocupação a cumprir plenamente as suas obrigações ao abrigo do acordo e a impedir que este se esquive ou atrase na sua implementação”, lê-se na nota do grupo palestiniano.
Pouco depois, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, anunciou que irá submeter o acordo à aprovação do Governo, com o objectivo de garantir o regresso dos reféns israelitas.
“Grande dia para Israel. Amanhã reunirei o Governo para aprovar o acordo e trazer todos os nossos queridos reféns para casa. Agradeço aos heroicos soldados das Forças de Defesa de Israel e a todas as forças de segurança — graças à sua coragem e sacrifício, chegámos a este dia. Agradeço do fundo do coração ao Presidente Trump e à sua equipa pela dedicação a esta missão sagrada de libertar os nossos reféns. Com a ajuda de Deus, juntos continuaremos a alcançar todos os nossos objetivos e a expandir a paz com os nossos vizinhos", disse.
Segundo a cadeia norte-americana "CNN", os reféns poderão começar a ser libertados já no sábado ou domingo.
O anúncio de Trump surge após vários dias de negociações discretas entre representantes de Israel e do Hamas, com mediação do Egipto, no resort de Sharm el-Sheikh, e com coordenação diplomática a partir da Casa Branca.
Ainda esta quarta-feira, Trump aludiu há possibilidade que poderia viajar para o Egipto ainda este fim de semana.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, manifestou-se esta madrugada sobre o acordo agora anunciado, dizendo acolher com satisfação o compromisso assumido pelas partes.
“Saúdo o anúncio de um acordo para garantir um cessar-fogo e a libertação de reféns em Gaza, com base na proposta apresentada pelo Presidente dos Estados Unidos. Felicito os esforços diplomáticos dos Estados Unidos, Qatar, Egipto e Turquia para alcançar este avanço tão necessário”, escreveu Guterres na rede social X.
“Apelo a todas as partes envolvidas para que cumpram integralmente os termos do acordo. Todos os reféns devem ser libertados com dignidade. É essencial garantir um cessar-fogo permanente. Os combates devem parar de uma vez por todas. Deve ser assegurada a entrada imediata e sem restrições de ajuda humanitária e bens comerciais essenciais em Gaza. O sofrimento tem de acabar”, acrescentou.
O responsável da ONU garantiu que a organização irá apoiar a plena implementação do acordo, escalando a entrega de ajuda humanitária e contribuindo para a recuperação e reconstrução do território.
Guterres apelou ainda à comunidade internacional para que aproveite “esta oportunidade histórica” para definir um caminho político credível que leve ao fim da ocupação, à autodeterminação do povo palestiniano e à solução de dois Estados, permitindo a israelitas e palestinianos viverem em paz e segurança.
“Os riscos nunca foram tão altos”, concluiu.
Os reféns israelitas capturados pelo Hamas podem ser libertados já no sábado, se o plano proposto pelos EUA for cumprido.
A proposta de Donald Trump apontava que os reféns deviam ser libertados pelo Hamas 72 horas depois de um cessar-fogo e a primeira fase do acordo atual deve ser assinada por volta do meio-dia, no Egito (10h00 em Lisboa).
Israelitas e palestinianos celebraram aquela que parece ser a possibilidade mais forte para o fim de um conflito que começou há pouco mais de dois anos, a 7 de outubro de 2023.
Vários líderes mundiais saudaram o acordo de paz entre Israel e o Hamas.
Ursula von der Leyen referiu que o acordo é bem-vindo e espera que todos os reféns sejam "libertados em segurança". Já Kaja Kallas, responsável pela diplomacia europeia, garante que a União Europeia tudo fará para garantir a implementação de um acordo que é "uma oportunidade real para terminar com uma guerra devastadora".
O Presidente da Argentina, Javier Milei, considerou o entendimento "histórico" e anunciou que vai propor Trump para o Prémio Nobel da Paz, afirmando que "qualquer outro dirigente com semelhantes conquistas já o teria recebido há muito tempo".
O primeiro-ministro canadiano, Mark Carney, felicitou Trump pelo "liderança essencial" e expressou alívio pela iminente libertação dos reféns. "A paz finalmente parece possível. Instamos todas as partes a aplicarem rapidamente os termos do acordo", afirmou.
Também o Japão saudou o entendimento, que o porta-voz governamental Yoshimasa Hayashi classificou como "um passo importante para acalmar a situação", agradecendo aos Estados Unidos, ao Egito e ao Qatar pelos esforços de mediação.
De Camberra, o primeiro-ministro, Anthony Albanese, e a ministra dos Negócios Estrangeiros, Penny Wong, destacaram tratar-se de "um passo muito necessário para a paz" e defenderam uma solução de dois Estados, sublinhando que o plano exclui o Hamas de qualquer papel na administração futura de Gaza.
O grupo islamita palestiniano Hamas, que controla a Faixa de Gaza, atacou solo israelita a 07 de outubro de 2023, provocando 1.200 mortos e fazendo 251 reféns.
A retaliação de Israel já fez mais de 67 mil mortos entre os palestinianos, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.
As Nações Unidas declararam no mês passado uma situação de fome em algumas zonas do enclave.