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Quem são os reféns com ligação a Portugal libertados pelo Hamas?

13 out, 2025 - 10:00 • Catarina Santos

Acredita-se que há três homens com ligações a Portugal ainda vivos, entre os 48 reféns que permanecem em Gaza. Outros três estarão mortos. Todos descendem de famílias sefarditas.

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Três dos 20 reféns vivos que deverão ser entregues esta segunda-feira à Cruz Vermelha têm algum tipo de ligação a Portugal. O mais velho tem 35 anos, o mais novo tem 27.

Os reféns vivos ainda detidos em Gaza deverão ser “libertados juntos, de uma só vez” e entregues à Cruz Vermelha, afirmou a porta-voz do governo israelita Shosh Bedrosian. Serão depois transportados, em seis a oito veículos, “sem nenhuma demonstração doentia pelo Hamas”, sublinhou Bedrosian.

Ao todo, acredita-se que outros 28 corpos de reféns estejam ainda no enclave – uns que foram transportados já mortos a 7 de outubro, outros que morreram em cativeiro. Entre esses estarão também três homens que tinham ligação a Portugal.

Segundo os termos da primeira fase do acordo, Israel compromete-se a libertar cerca de 2.000 detidos palestinianos em troca dos reféns. O plano foi impulsionado pelos Estados Unidos e acordado com base numa proposta delineada pelo antigo Presidente Donald Trump.

O cessar-fogo entrou em vigor ao meio-dia de sexta-feira, hora local, abrindo um prazo de 72 horas para o Hamas libertar os 48 reféns. A libertação prevista para segunda-feira ocorre, assim, dentro do período estabelecido.

Segev não conseguiu fugir do festival

Segev Kalfon, hoje com 27 anos, é natural de Dimona, uma cidade no deserto do Negev. Trabalhou durante anos na padaria da família, mas tinha decidido recentemente dedicar-se a negócios na bolsa. Filho do meio, tem um irmão mais velho e uma irmã mais nova.

Raptado durante o festival Nova, foi capturado quando tentava fugir, pela principal estrada de ligação ao local.

Em fevereiro, um dos reféns libertados disse ter passado “longos meses” com Segev em cativeiro e reportou que ele se encontrava numa “situação relativamente estável”, de acordo com a família.

De acordo com o Times of Israel, estava na lista para ser libertado na segunda fase do acordo de fevereiro entre Israel e o Hamas – que não prosseguiu.

Fã de festivais de música e frequentador assíduo de “raves” em espaços naturais, é descendente de uma família sefardita com origens em Marrocos e na Tunísia.

As mulheres da família Cunio voltaram, dois irmãos ficaram

David Cunio, 35 anos, também foi referenciado por outro refém libertado em fevereiro, que afirmou tê-lo visto com vida antes de sair de Gaza. Em declarações ao Channel 12, a mulher de David confirmava a boa notícia. “Dá-nos tanta força e tanto ar para respirar”, dizia Sharon na altura.

Cunio vivia com a mulher e duas filhas gémeas, então com três anos, no kibutz Nir Oz – um dos mais severamente atacados a 7 de outubro. Foram todos raptados.

Um dos seus três irmãos, Ariel Cunio (28 anos), que também terá ligações a Portugal, foi raptado no mesmo dia, juntamente com a namorada. Nascidos e criados no kinutz, tinham acabado de regressar de uma longa viagem ao centro e sul da América.

A cunhada de David e uma sobrinha, que estavam de visita em casa de David e Sharon, também foram levadas.

As mulheres foram todas libertadas – quase todas logo em novembro de 2023; a namorada de Ariel em janeiro de 2025.

David e Ariel – agora com 28 anos – continuaram em cativeiro. São descendentes de uma família sefardita de origem turca.

Yossi poderá ter sido morto num ataque das IDF

Yossi Sharabi, que tinha 53 anos, foi morto em cativeiro e o corpo permanece em Gaza. O anúncio da sua morte foi feito pelo Hamas em janeiro de 2024 – e é possível que tenha sido vítima de um ataque das Forças de Defesa de Israel (IDF). O edifício no qual Yossi estava preso colapsou na sequência do bombardeamento de um edifício contíguo.

As IDF não emitiram uma posição conclusiva, mas afirmaram então que não tinham dados suficientes para descartar a possibilidade de tal ter acontecido, por desconhecimento da localização do refém.

Yossi vivia no kibutz Be’eri, também um dos locais mais intensamente dizimados pelo Hamas a 7 de outubro de 2023. Foi raptado juntamente com o irmão, Eli Sharabi, e com Ofir Engel, o namorado da filha mais velha.

Ofir foi libertado a que foi libertado a 29 de novembro de 2023. Eli, de 53 anos, foi libertado em fevereiro deste ano – e só então ficou a saber que a mulher e as duas filhas tinham sido mortas no ataque de 7 de outubro.

A mulher de Yossi, Nira Sharabi, sobreviveu com as 3 filhas (então com 17, 14 e 13 anos). Antes de saber da morte do marido, Nira esteve em Portugal em dezembro de 2023, numa visita conjunta com outros familiares de reféns.

O polícia que ia ser operado e correu a ajudar

Ran Gvili tinha 24 anos quando foi morto, nos ataques de 7 de outubro, e o seu corpo foi levado para Gaza. A família é natural de Meitar, perto de Beersheba, no sul de Israel.

Ran integrava uma unidade de patrulha da polícia da zona do Negev. De acordo com jornais israelitas, estava dispensado do serviço, a aguardar uma cirurgia, quando soube do que estava a acontecer junto à fronteira. Pôs-se a caminho para ajudar.

Acabou na comunidade de Alumim. Às 10h50 terá enviado uma última mensagem, informando que tinha sido baleado numa perna.

Descendente de sefarditas egípcios, a família terá pedido para lhe ser concedida nacionalidade portuguesa, na esperança de poder acelerar a libertação – quando ainda não tinha sido confirmada a sua morte.

Em março deste ano, a família dizia ao jornal Haaretz que não tinha perdido a esperança de que pudesse tratar-se de um erro. “Disseram-nos que ele tinha sido morto, mas, de algum, modo, ainda nos agarramos à esperança de que possa ter havido um erro”, afirmou Hila Milrad, tia de Ran.

O queijeiro levado já morto

Dror Or Ermoza tinha 49 anos quando foi morto no kibutz Be’eri, juntamente com a mulher. Dois dos seus filhos, então com 17 e 13 anos, foram levados para Gaza, tal como o corpo de Dror. Os adolescentes foram libertados em novembro de 2023.

Dror geria uma empresa de fabrico artesanal de queijo no kibutz. A mulher, Yonat, era também uma empreendedora, gerindo uma empresa de mobiliário.

Era descendente de uma família sefardita otomana.

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