04 nov, 2025 - 18:23 • Lusa
O Presidente brasileiro, Lula da Silva, disse esta quarta-feira querer impedir uma possível invasão terrestre da Venezuela pelos EUA e reiterou a sua disposição para mediar a crise entre os dois países.
"Eu não quero que a gente chegue a ter uma invasão terrestre", disse o chefe de Estado brasileiro, durante uma entrevista com seis agências internacionais, entre as quais a Lusa, a dois dias da cimeira de líderes que antecede a Conferência das Nações Unidas para o Clima (COP30) na cidade amazónica de Belém.
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Lula da Silva sublinhou ainda que, durante a reunião com o Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, em Kuala Lumpur, avisou-o que os problemas políticos não se resolvem com armas, mas com diálogo.
"O que está faltando é diálogo", sublinhou, reforçando que "o Brasil tem todo o interesse em ajudar".
"Nós não desejamos, nós não queremos conflitos na América do Sul", frisou, garantindo que fará um esforço para participar da cimeira entre a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) e a União Europeia, que se realiza na próxima semana na Colômbia, precisamente para abordar os ataques dos Estados Unidos contra embarcações nas costas latino-americanas.
Os Estados Unidos realizaram um destacamento militar nas Caraíbas nos últimos meses e lançaram uma série de ataques aéreos contra embarcações civis em águas caribenhas próximas da Venezuela e no Pacífico, argumentando que as operações visam o combate ao tráfico de droga.
Desde o início de setembro, pelo menos 60 pessoas morreram devido aos ataques dos EUA. Ainda na mesma entrevista, e sobre as tarifas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil, Lula da Silva disse que se o tema não avançar nas próximas semanas ligará pessoalmente a Trump de forma a agilizar o processo.
O Presidente brasileiro indicou ainda disponibilidade em se deslocar a Washington ou Nova Iorque para negociar com o homólogo norte-americano, caso seja necessário.
Lula da Silva reuniu-se com Trump em Kuala Lumpur, em 26 de outubro, numa tentativa de reverter as sanções dos EUA contra autoridades brasileiras e as tarifas de 50% impostas sobre grande parte das exportações do país, em retaliação pelo julgamento que levou o ex-presidente Jair Bolsonaro a ser condenado a 27 anos de prisão.