04 nov, 2025 - 20:40 • Miguel Marques Ribeiro com Reuters
Friedrich Merz afirmou esta terça-feira que os sírios que residem na Alemanha devem perder o estatuto de asilo e ser repatriados, depois do alegado fim da guerra civil naquele país do Médio Oriente.
Pelo menos 1.3 milhões de sírios foram acolhidos na Alemanha nos últimos anos depois de fugirem da guerra civil, um número muito superior à de qualquer outra nação europeia.
Segundo o chaceler, “já não existem razões para a atribuição de asilo na Alemanha e as repatriações vão começar”.
Aqueles que recusarem regressar ao seu país de origem poderão ser deportados “num futuro próximo”.
O anúncio surge numa altura em que a extrema-direita ganha vantagem nas sondagens. A AfD defende políticas fortemente anti-imigração e argumenta que o islamismo é incompatível com a sociedade alemã.
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Nas sondagens, a imigração é frequentemente apontada como uma das principais preocupações dos alemães e alguns conservadores, área política a que pertence a CDU, que Merz lidera, consideram que só uma política de imigração dura permitirá contrariar a subida da AfD.
No entanto, 70% da população da Síria ainda é dependente de ajuda humanitária e as Nações Unidas já alertaram que o país, nas condições atuais, não está preparado para receber repatriamentos em grande escala.
Recentemente, o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Johann Wadephul, viajou para Damasco, onde reconheceu que dificilmente os sírios a viver na Alemanha optariam por regressar à pátria, dada a destruição ainda existente.
Para além da aparente divergência com o seu ministro, a posição de Merz suscitou ainda contestação dentro do próprio partido.
Em outubro, comentários sobre imigração do chefe de governo foram contestadas nas ruas, mas uma sondagem realizada na altura mostrou que a maioria da população estava de acordo com Friedrich Merz.