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​Justiça precisa de psicólogos "formados em extremismo e radicalização"

15 jan, 2025 - 00:36 • Liliana Monteiro , com redação

A responsável pela investigação ao terrorismo do DCIAP alerta que casos de radicalização não acontecem apenas em meios sociais desfavorecidos. Coordenador na Unidade de Combate ao Terrorismo da PJ defende programas nas escolas.

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Falta especialização da psicologia nas áreas da radicalização e extremismo para ajudar os tribunais e as investigações, defende Cláudia Oliveira Porto, a procuradora do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), responsável pela investigação ao terrorismo.

Em declarações registadas pela Justiça TV, Cláudia Oliveira Porto considera “urgente que os apoios da parte da psicologia aos tribunais se foquem nesta área” e sublinha que o caminho deve passar pela especialização.

“Não basta estudar a lei de combate ao terrorismo, não basta ter uma formação geral em psicologia, é preciso formação específica da parte de psicologia nesta área de radicalização e dos extremismo.”

A procuradora sublinha que o extremismo e a radicalização são um fenómeno diferente da delinquência.

“Não é o mesmo que fazer o acompanhamento de jovens delinquentes, aquela delinquência mais comum. É completamente diferente porque isto tem a ver com ideologia. É preciso saber o que estes jovens defendem, a motivação, é preciso conhecer o fenómeno a nível internacional. É muito mais do que aquilo para o que estamos preparados. Temos que nos adaptar”, sustenta Cláudia Oliveira Porto.

Nestas declarações captadas pela Justiça TV aquando de uma formação no Centro de Estudos Judiciários, a procuradora revelou que são vários os casos que vão surgindo para investigação e nem sempre vêm das pessoas mais óbvias.

“Tenho um caso em que um pai incentiva uma atuação do filho. Estejam sempre atentos no caso dos adolescentes, tentem também investigar o que se passa com o pai ou com a mãe. Há um caso em que o pai incentiva o filho a ter atos discriminatórios e uma ideologia de extrema-direita”, relata.

A responsável pela investigação ao terrorismo diz estes casos não acontecem apenas em meios sociais desfavorecidos. “Há um caso também num dos melhores colégios de uma determinada cidade importante do país. O paradigma é completamente diferente do banditismo e dos jovens delinquentes”, conta.

Já António Costa Alves, coordenador na Unidade de Combate ao Terrorismo da Polícia Judiciária, lamenta a falta de meios acabe por sobrecarregar esta força.

“Portugal é fértil em planos, mas depois na prática as coisas não funcionam. Nós vemos muitas vezes a Polícia Judiciária a fazer o papel que não lhe compete fazer, nomeadamente, a monitorização à posteriori destas medidas de coação.”

António Costa Alves considera ainda que há um caminho a fazer pela sociedade, a começar pela escola.

“A nível das escolas devia haver uma maior proatividade para combater o discurso de ódio, esta narrativa, porque a maior parte destes jovens vivem na tal bolha digital e só conhecem esta realidade. Era muito importante haver programas ativos para lhes dizer, cara a cara, que esse não é o caminho e apontar-lhes quais são as consequências”, defende o coordenador na Unidade de Combate ao Terrorismo da PJ, numa formação sobre cibercriminalidade e questões conexas.

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