18 jan, 2025 - 02:04 • Marisa Gonçalves
A demissão do diretor-executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), António Gandra D’Almeida, era "inevitável", afirma a presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), Joana Bordalo e Sá.
Em declarações à Renascença, Joana Bordalo e Sá afirma que a demissão de Gandra d'Almeida "tinha mesmo de acontecer, tendo em conta o que está em causa e a ser verdade a investigação que foi feita".
"O que entendemos é que estes cargos exigem profissionais de elevadíssima competência e este Ministério da Saúde, de Ana Paula Martins, não tem sido nada feliz nesse aspeto. Aliás, tem toda uma equipa que também não está a conseguir resolver os problemas do SNS”, sublinha.
Joana Bordalo e Sá entende, também, que a notícia enfraquece as posições de António Gandra d’Almeida e do próprio Governo.
“A notícia fragiliza, não só a Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde, como o próprio Ministério da Saúde de Ana Paula Martins, porque isto foi uma nomeação direta deste ministério de Ana Paula Martins. Colocamos em causa, mais uma vez, a competência de todo este ministério e de quem o lidera”, argumenta a presidente da FNAM.
O diretor-executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS) pediu esta sexta-feira a demissão do cargo, que já foi aceite pelo Ministério da Saúde.
António Gandra D’Almeida abandona o cargo após ser noticiada, pela SIC, uma alegada incompatibilidade, mas o responsável rejeita ter cometido qualquer "ilegalidade".
"Embora entenda que não cometi qualquer ilegalidade ou irregularidade, para defesa do SNS e, com não menos importância, para protecção da minha Família e do futuro que queremos seja de dignidade, pedi, hoje mesmo, a Sua Excelência a Ministra da Saúde, que me dispense de imediato do exercício das minhas atuais funções", anunciou Gandra D’Almeida.
A SIC avançou esta sexta-feira que o diretor-executivo do SNS terá acumulado funções como diretor do INEM do Norte, com sede no Porto, e como médico tarefeiro nas Urgências de Faro e Portimão, recebendo mais de 200 mil euros durante dois anos.
Segundo uma investigação da SIC, o CEO do SNS teria a autorização do INEM para acumular funções, com a garantia de que não ia receber vencimento, mas lei diz que é incompatível.
Pelos turnos realizados terá recebido mais de 200 mil euros, através de uma empresa que criou com a mulher e da qual era gerente.
Os contratos de serviços médicos seriam prestados pelo cirurgião geral nas unidades hospitalares, com o trabalho a valer 50 euros à hora.
António Gandra D'Almeida foi escolhido pelo Governo para liderar a Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde em meados de maio do ano passado.