22 jan, 2025 - 10:44 • André Rodrigues , João Malheiro
Morreu o tenente-geral Vasco Rocha Vieira aos 85 anos. A Renascença confirmou a notícia junto do porta-voz do Exército.
Rocha Vieira foi o último governador de Macau, entre 1991 e 1999, antes da transferência da soberania portuguesa do território para a China.
Rocha Vieira chegou a ser Chefe do Estado-Maior do Exército e ainda foi ministro da República para os Açores, entre 1986 e 1991.
O corpo de Rocha Vieira estará em câmara ardente na quinta-feira, entre as 17h00 e as 22h00, na Capela do Palácio Real da Bemposta, na Academia Militar de Lisboa. Às 19h00 horas será celebrada missa de corpo presente.
As exéquias fúnebres realizam-se na sexta-feira, pelas 10h00, com celebração de missa de corpo presente às 11h00.
O funeral do último governador de Macau será realizado no mesmo dia no cemitério de Lagoa, no Algarve.
Em declarações à Renascença, o general Garcia Leandro, que foi governador de Macau entre 1974 e 1979, recorda Vasco Rocha Vieira como “uma pessoa de grande capacidade e com uma visão muito correta e de bom senso”, sobretudo no período pós-revolucionário.
“Eu estava em Macau quando se deu o 25 de Abril e lembro-me que ele teve uma importância muito grande no Verão Quente de 75, quando o país quase esteve à beira de uma guerra civil”, recorda Garcia Leandro.
“Se tivesse sido noutro país da Europa, como, por exemplo, em Espanha, teríamos ido para uma guerra civil”, admite.
Para o militar, declarado amigo de Rocha Vieira, a intervenção do último governador de Macau no chamado Grupo dos Nove “evitou que o país mergulhasse no caos e na guerra civil”.
Garcia Leandro acrescenta, também, o “papel importante” de Rocha Vieira no 25 de Novembro de 1975, que “é uma data muito importante... Há pessoas que não percebem que o 25 de Novembro é a continuação do 25 de Abril”.
O Presidente da República manifestou pesar pela morte de Rocha Vieira, considerando-o "um dos mais ilustres oficiais do Exército português".
Em comunicado no site da Presidência, Marcelo Rebelo de Sousa assinala, enquanto o último governador de Macau, "simbolismo do momento da transferência da administração portuguesa para a chinesa permanecerá na memória de muitos portugueses como um exemplo de sentido de Estado, sentido de serviço da causa pública e de marcado patriotismo".
"O Presidente da República, que acompanhou de perto os últimos meses da sua vida, apresenta à sua Família, e, muito em especial, à sua viúva e filhos, o testemunho de gratidão de Portugal, com muito saudosa amizade", conclui a nota.
[notícia atualizada às 20h37]