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Missão Escola Pública

Mais de metade dos professores sabe na pele o que é "bullying"

07 fev, 2025 - 06:30 • Fátima Casanova

Resultados do inquérito revelam que o "bullying" dirigido aos professores “é uma realidade alarmante”. Movimento admite ainda que “um dado chocante” é a evidência de que há direções escolares que coagem e ameaçam docentes.

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A Missão Escola Pública (MEP) revela que 59% dos professores já se sentiram vítimas de "bullying" durante a sua atividade nas escolas, o que para este movimento “demonstra a grande extensão do problema”.

Esta é uma das grandes conclusões do inquérito, a que a Renascença teve acesso, realizado pelo MEP e a que responderam mais de 2.500 professores.

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A análise aos resultados do inquérito permite perceber que a origem da maioria dos casos de "bullying" provém dos alunos (57,2%), seguidos por pais e encarregados de educação (53,5%).

O estudo revela ainda que 9,5% dos professores afirmaram já ter sido vítimas de agressões físicas no exercício da sua atividade.

Quando analisada a origem das agressões, os dados mostram que 87% das agressões físicas foram cometidas por alunos, enquanto 8% dos casos envolvem pais ou encarregados de educação e 2% das agressões físicas foram atribuídas a elementos da direção escolar.

Não é só nesta situação que os diretores escolares são citados. O inquérito do MEP feito a professores revela que as direções escolares são apontadas como “principais perpetradoras de coação e ameaças contra os docentes”.

De acordo com os dados, “43% dos professores já sofreram coação, com 59% dos casos atribuídos às direções escolares, destacando a violência institucional como uma questão crítica”.

Dez por cento dos professores inquiridos afirmam ter sido pressionados a aceitar horas extra, enquanto 11% já estiveram de baixa médica este ano letivo devido ao desgaste.

As principais causas apontadas para este desgaste são: indisciplina dos alunos, burocracia, sobretrabalho e coação por parte das direções escolares.

Quem são as principais vítimas de "bullying"?

Os dados sobre incidência de "bullying" indicam que o maior número de casos ocorre nos distritos de Lisboa, com 26,3%. Seguem-se o Porto (18,1%) e Setúbal (15,4%).

Já Guarda e Viseu são os distritos que apresentam as percentagens mais baixas.

A análise do "bullying" por género revela que as mulheres são mais afetadas com 62% das docentes a relataram ser vítimas de agressões verbais ou ameaças, em comparação com 57% dos homens.

Relativamente à idade, os resultados do inquérito permitem perceber, que as faixas etárias mais velhas, especialmente os docentes com idades entre 51 e 60 anos, são os mais afetados, com 45% dos professores a relatarem terem sido vítimas de "bullying".

Por grupo de recrutamento, os professores de Matemática e Português são os que relatam mais casos de ‘bullying’.

Em Matemática, 63% dos docentes afirmam ter sido vítimas de ‘bullying’, enquanto em Português, 60,5% dos inquiridos também referem essa experiência.

Segundo os resultados do inquérito do MEP, no 1º ciclo mais de 50% dos professores também dizem ter sido vítimas de ‘bullying’.

MEP pediu para ser recebido pelo ministro da Educação

Na sequência das conclusões, que a Missão Escola Pública considera “muito preocupantes”, o movimento pediu para ser recebido pelo ministro Fernando Alexandre para entregar um “relatório mais abrangente” relativo ao ‘bullying’ praticado sobre professores, segundo disse à Renascença Cristina Mota, a porta-voz do MEP.

Esta responsável acrescenta que os dados revelam “um problema grave e crescente no ambiente escolar, evidenciado pela “falta de apoio institucional”.

Cristina Mota considera que “o inquérito serviu para muitos professores desabafarem e partilharem as suas vivências”, admitindo que “muitos estão em silêncio” nas escolas, e “ao que parece não reportaram os casos a mais ninguém”.

O inquérito mostra que, no que diz respeito à coação, “há um destaque bem visível no que diz respeito às direções escolares, o que mostra que o modelo tem de ser revisto porque a autocracia que se vive em ambientes escolares está a causar um desconforto muito significativo”, conclui a dirigente da Missão Escola Pública.

Comentários
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  • Petervlg
    07 fev, 2025 Trofa 10:47
    Se os pais não tem educação, como é que os miúdos podem a ter? Os professores é que pagam, estão amarrados.
  • Nas costas dos outro
    07 fev, 2025 Vejo as minhas 09:14
    Compreendo perfeitamente este artigo: como docente, fui ameaçado por alunos, pais, e Diretores. Mas ao contrario da generalidade dos colegas, não fiquei nas "covas": aos alunos recordei, às vezes depois de os levantar do chão pela camisa, que "a legítima defesa sobrepõe-se ao estatuto da menoridade", aos papás, a responder à letra e duas vezes até com uma demonstração prática de auto-defesa - coisa que aconselho a todos os candidatos a professor saberem - e ao diretor disse-lhe apenas que a uma ameaça, respondia com outra: "eu sei onde moras, pá, e fora desta escola não há cargos, lá fora somos 2 homens. Põe-te à tabela". Mas não devia ter de fazer isto para ser respeitado. E nem todos têm estômago para isto. Este acumular de poderes dos Diretores e esta impunidade tanto de alunos como de encarregados de educação, trouxeram a esta situação.

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