18 fev, 2025 - 11:40 • Daniela Espírito Santo
A Polícia Judiciária realizou, esta terça-feira, buscas domiciliárias e em escritórios de advogados na zona da Grande Lisboa na sequência de uma investigação a um esquema que "lesou em milhões de euros uma associação cultural centenária de Lisboa". Quatro pessoas foram constituídas arguidas e o administrador de insolvência da associação foi detido, por "fortes suspeitas da prática dos crimes agravados de corrupção ativa e passiva, branqueamento e falsificação de documento".
O detido, juntamente com quatro outros arguidos, dois deles advogados, delinearam um plano criminoso que lhes permitiu a apropriação de património no valor de mais de 10 milhões de euros, pertença de uma associação cultural centenária", é dito. "Três dos arguidos exercem, atualmente, cargos de direção na associação cultural", diz a PJ.
O comunicado da Polícia Judiciária não adianta qual é a "associação cultural centenária" em causa na operação denominada "Quid Pro Quo", mas o canal de televisão NOW assegura que será o Ateneu Comercial de Lisboa.
Segundo diz a PJ, foi feito um pedido de insolvência da associação, referente a dívidas "que ascendiam a 500 mil euros". O plano de insolvência, lê-se no comunicado, "pressupunha a liquidação desse passivo por parte de um 'investidor'" e envolveu a obtenção da propriedade de três imóveis da associação, "avaliados em dez milhões de euros".
O referido "investidor", posteriormente, "alienou os referidos imóveis a uma sociedade terceira", pelo valor de "oito milhões e 750 mil euros".
"Após a alienação dos imóveis, o investidor dividiu com o seu advogado e com o administrador de insolvência um valor superior a 2 milhões e 800 mil euros, através da filha deste, mediante a celebração de falsos contratos de mútuo gratuito", diz o comunicado.
Com esse dinheiro, foram comprados quatro imóveis, que foram apreendidos pela PJ. As autoridades também apreenderam, nesta operação, um milhão de euros em contas bancárias.
O detido vai conhecer, esta quarta-feira, as medidas de coação. O inquérito é dirigido pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa.
[Notícia atualizada às 11h55 para acrescentar detalhes constantes no comunicado da Polícia Judiciária]