27 mar, 2025 - 19:45 • João Pedro Quesado
O ChatGPT ganhou a capacidade de gerar e editar imagens num dia, e no dia seguinte as redes sociais encheram-se de imagens ao estilo do Studio Ghibli, o famoso estúdio japonês de animação do género anime. Tanto que a OpenAI, detentora do ChatGPT, adiou a disponibilização da ferramenta aos utilizadores que não pagam.
Já segue a Informação da Renascença no WhatsApp? É só clicar aqui
Na terça-feira, a OpenAI anunciou o lançamento da geração de imagem nativa no modelo GPT-4o do ChatGPT. A nova função, disponível apenas para os utilizadores que pagam para utilizar o modelo, permite carregar e modificar imagens.
A tendência do estilo do Studio Ghibli chegou rapidamente a Portugal, onde tanto Pedro Nuno Santos como a Iniciativa Liberal fizeram uso das novas capacidades do ChatGPT para produzir conteúdo.
Os utilizadores têm ainda aproveitado para emprestar um novo estilo a imagens que se tornaram icónicas, sejam mais antigas ou mais recentes. Como, por exemplo, na famosa fotografia de Salgueiro Maia no Largo do Carmo durante a Revolução dos Cravos, a 25 de Abril de 1974, capturada por Salgueiro Maia.
Vamos lá experimentar isto
— vargas (@volksvargas.bsky.social) March 27, 2025 at 2:39 PM
[image or embed]
Uma questão que tem surgido é a dos direitos de autor, à boleia da opinião do co-fundador do Studio Ghibli, Hayao Miyazaki, sobre animação gerada por inteligência artificial. Numa reunião de 2016 em que lhe foi mostrada uma demonstração, Miyazaki afirmou estar "completamente enojado", acrescentando que "seja quem for que cria estas coisas não tem ideia do que é a dor, de forma nenhuma".
"Se querem mesmo fazer coisas sinistras, podem avançar e fazê-lo. Eu nunca desejaria incorporar esta tecnologia no meu trabalho de todo. Sinto fortemente que isto é um insulto à vida em si", afirmou.
Outra questão é a necessidade de carregar imagens para o ChatGPT. O modelo recolhe todos os dados que lá são inseridos pelos utilizadores, e retém essa informação indefinidamente para treinar os modelos a não que se rejeite essa opção - o que nem sempre é fácil de fazer.
Citado pela "Forbes", um advogado especialista aponta que "na prática é difícil os indivíduos exercerem os direitos do RGPD [Regulamento Geral de Proteção de Dados] contra modelos de linguagem de larga escala (LLM) como o ChatGPT", já que este pode "criar informação imprecisa ou alucinar", e "é capaz de mudar informação sem explicação". Além disso, "pode ser quase impossível apagar os seus dados assim que são colocados nos LLM".
Segundo a empresa de tecnologia Proton, especializada em serviços de privacidade, assim que se partilham fotos pessoais com um modelo de inteligência artificial, "perde-se o controlo sobre como são utilizadas, já que essas fotos são depois utilizadas para treinar IA".
A empresa avisa ainda que estas imagens podem ser utilizadas "para gerar conteúdo que pode ser difamatório ou utilizado como assédio".