01 abr, 2025 - 23:10 • João Malheiro , Ana Catarina André
A presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, Maria do Céu Patrão Neves, considera que o modo como as redes sociais estão a ser utilizadas está a ter efeitos "de corrupção" nos jovens.
À Renascença, a responsável realça que a Internet e as redes sociais "não são más por si mesmas", mas o uso que está a ser feito delas "compromete os valores identitários da nossa sociedade".
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Esta terça-feira, os conselhos de ética português e espanhol anunciaram que estão a preparar um parecer sobre o impacto da dependência digital na saúde das crianças e dos jovens. O documento pretende apresentar um conjunto de medidas para mitigar os riscos do uso da internet e das redes sociais, abordando também formas de potenciar os seus beneficios.
Os primeiros resultados preliminares deste trabalho conjunto serão apresentados em junho, na Polónia, no fórum que reúne os conselhos de ética da Europa. De acordo com Maria do Céu Patrão Neves, este é um "tema muito importante", atendendo ao contexto atual.
"Como nós sabemos, as redes sociais têm algoritmos intencionalmente desenhados para serem viciantes, personalizados para responder às necessidades de cada utilizador. Temos jovens e adolescentes, mas também crianças que vivem em total dependência das redes sociais", sublinha Maria do Céu Patrão Neves, que afirma que o uso das redes sociais está a conduzir a um empobrecimento humano.
"Estamos fechados naquilo que é um espelho de nós mesmos. Não estamos em contacto com a diversidade e a heterogeneidade da sociedade, e pensamos que a sociedade é apenas aquilo que contemplamos nas redes sociais", aponta.
É esta circunstância que faz com que seja desenvolvida a "intolerância perante a diferença". "A diferença é enriquecedora e necessária para a criação e desenvolvimento da nossa idenitidade pessoal", reitera, ainda, a presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida.