30 abr, 2025 - 12:00 • Daniela Espírito Santo
[Notícia atualizada às 13h15 de 30 de abril de 2025 para acrescentar mais detalhes]
A SMS enviada pela Proteção Civil não chegou a metade das pessoas que devia. Além disso, foi programada para ser enviada a partir das 18h00, numa altura em que a maioria da população estava sem acesso às comunicações móveis.
As explicações foram dadas pelo presidente da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, em conferência de imprensa, esta quarta-feira. José Manuel Moura disse ainda que "as mensagens de aviso não são prioritárias", em resposta às críticas que têm sido feitas à resposta ao apagão de segunda-feira. As prioridades foram "o abastecimento de combustível aos hospitais, centros de diálise e de doentes com deficiência respiratória crónica".
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"O que estávamos a viver era uma situação de grande complexidade. Os planos de contingência reagiram - leia-se geradores - mas havia a dificuldade do seu reabastecimento", explicou, dando o exemplo de uma viatura de abastecimento que ficou "presa" no trânsito na Ponte 25 de Abril e teve de ser "resgatada" pelas autoridades para chegar ao seu destino.
Segundo José Manuel Moura, a ativação dos primeiros planos de emergência de Proteção Civil" - 23 planos municipais e um distrital, em Coimbra - aconteceu às 14h30.
Traçamos a "timeline" do apagão desta segunda-feir(...)
Duas horas depois ter-se-á vivido o momento, porventura, mais tenso: depois foi concluída a "compilação das necessidades mais urgentes", ou seja, depois de se descortinar que entidades precisavam de geradores, o reabastecimento destes passou a ser "o ponto crítico". "O Santa Maria, o São João, o São Francisco Xavier e clínicas de hemodiálise fizeram chegar até nós essa preocupação", admite.
Só às 17h15 é que se iniciou o "processo de envio de SMS à população", numa altura em que, salienta, havia ainda "muito pouca informação do que se estava a passar".
Fazendo um primeiro balanço desta SMS, que "foi programada e enviada a partir das 18h00 até às 24h00", o presidente da Proteção Civil admite que "as comunicações entre os operadores e os clientes foi seriamente afetada".
"Os dados preliminares apontam para a receção do aviso por cerca de 2,5 milhões de clientes nacionais", acrescenta o responsável, que diz também não haver confirmação de que algum estrangeiro a visitar Portugal tenha recebido informações por SMS, em roaming.
"A taxa global de entrega terá sido inferior a 50%", admite, muito inferior ao que costuma acontecer em "eventos similares", onde esta taxa "atinge os 95%".
"O que está aqui em causa foi a falta de cobertura de rede, equipamentos móveis sem bateria, a falta de energia nas células de rede das antenas dos operadores e a sobrecarga dos centros de SMS dos operadores. Recordo que as mensagens de aviso não são prioritárias face ao restante tráfego", repete.
A emissão de um comunicado técnico operacional só foi emitida às 19h30. José Manuel Moura explica o que estava a acontecer a essa hora para justificar esta medida, que foi meramente preventiva. "Nunca esteve em causa a boa prestação de socorro a qualquer evento que aconteceu", reforça.
"A decisão teve por base os princípios da prevenção e da precaução", diz, servindo, sobretudo, para o caso de ser necessário manter o dispositivo reforçado para prestar auxílio a "transporte interhospitalar" e em caso de haver necessidade de abastecer de água algumas povoações.
"Tínhamos alguns sinais de recuperação nalguns concelhos, como Abrantes ou Santarém, mas havia muitos concelhos que estavam a ser seriamente afetado por falta de energia para o acionamento do sistema de bombagem [de água]. Começamos a prever que íamos ter uma necessidade de reforço de meios para um abastecimento de água à população", adianta, garantindo que, no que diz respeito a ocorrências mais gerais, "não houve um incremento" em nenhuma, fora "abertura de portas".
"Ou seja, decidimos aumentar para nível laranja por previsibilidade do que se aproximava nas próximas horas. Felizmente não veio a acontecer. O estado de alerta é isto mesmo, uma previsão. O pior cenário não se verificou", reforça, repetindo. "Foi uma ocorrência inédita, inopinada, que a todos desafiou, mas que o resultado final tem zero vítimas e não posso deixar de o referir", remata.
O presidente da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil assegurou também que não há vítimas a registar do "apagão". José Manuel Moura adianta que, a este evento "inédito e desconhecido" foi dada "uma resposta operacional no seu tempo próprio" e que se conseguiu resolver "de forma muito positiva".
Volvidas 48 horas, "ainda não sabemos o origem deste evento", salienta José Manuel Moura, que se congratula com o resultado "vítimas zero", que prefere salientar.
Durante a conversa com os jornalistas, o presidente da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil assegurou que "as mensagens de aviso não são prioritárias", em resposta às críticas que têm sido feitas à resposta ao apagão de segunda-feira.
As prioridades foram, diz, "o abastecimento de combustível aos hospitais, centros de diálise e de doentes com deficiência respiratória crónica".