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Greve nos comboios da CP. Serviços mínimos não são suficientes

12 mai, 2025 - 09:00 • João Cunha

Na linha ferroviária de Sintra circularam na manhã desta segunda-feira 11 comboios da CP, entre Sintra ou Meleças e Rossio ou Gare do Oriente. No Cacém, por exemplo, muitos dos habituais utentes não conseguiram apanhar o comboio, optando por outras alternativas, rodoviárias.

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Os poucos comboios que passaram esta manhã no Cacém já chegavam às plataformas cheios. Paravam, as portas abriam e quem queria ali ficar forçava a saída, porque eram muitos mais os que pretendiam, à força, entrar para conseguir chegar a Lisboa.

Havia quem nem sequer se levantasse, à chegada das composições, por perceber, logo á chegada, que nem valeria a pena tentar entrar.

"Já não tenho idade para isto", dizia Zulmira Carvalho, enquanto ajeitava a capulana que lhe cobria as costas.

"Tenho de chegar ao trabalho, no Areeiro, e não sei como vou fazer", explicava, justificando a dúvida com o trânsito intenso que tornava a alternativa rodoviária praticamente impossível.

De filha na mão, Fatima Baldé desesperava. A filha, de 5 ou 6 anos, tem de entrar na escola, na Amadora, ás sete e meia da manhã e já lá vai meia-hora depois do horário. Também trabalha naquela cidade, e já avisou que vai chegar mais tarde. Só ainda não percebeu quanto mais tarde vai conseguir deixar a pequena e seguir para o trabalho.

"Ainda na semana passada foi uma confusão", desabafa, acrescentando que é nestas alturas que não percebe porque paga o passe.

"Só este mês são quase duas semanas sem transporte, mas o passe já está pago", diz, enquanto agasalha a menina do fresco matinal que se faz sentir.

Distraída, a pequena olha para um pardal que, num frenesim, tenta aceder a um buraco no interior da cobertura da plataforma onde se amontoaram, entretanto, centenas de pessoas.

"Mãe, vem lá um comboio", diz, como que aliviada.

Mas assim que vê o interior das primeiras carruagens percebe que não vai conseguir entrar, porque poucos são os que vão sair e muitos os que vão querer entrar.

Percebendo a situação, António Silva rapidamente pega no telefone e pede um Uber.

"Vinte euros daqui para Benfica?! É um roubo", desabafa este segurança que pretende regressar a casa, depois de uma noite de trabalho, que confessa estar cansado de tantas greves.

Reavalia a situação e decide esperar pelo próximo, que espera não chegar tão cheio como o que ainda está na plataforma. É que o maquinista não consegue fechar as portas, e sem isso, o comboio não anda.

Em todas as portas há quem esteja no interior das composições, mas com uma perna ou um braço de fora. Do exterior, há quem ajude a empurrar, ou as pessoas ou os seus pertences, como malas ou sacos que, do lado de fora, também impedem o fecho de portas.

Na plataforma, entre os que não conseguiram entrar, raros são os que não se riem com o cenário, por breves instantes. Porque depois, dão conta da dificuldade em chegar ao emprego e depressa o semblante fica carregado.

O que lhes vale é que os efeitos da paralisação só se deverão sentir de manhã, já que a paralisação dos revisores e trabalhadores das bilheteiras, que se estende até quarta-feira, realiza-se entre as 5 e as oito e meia da manhã.

De tarde, no regresso a casa dos que conseguiram chegar ao emprego, não haverá greve.

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