23 mai, 2025 - 18:49 • Alexandre Abrantes Neves
O procurador-geral da República (PGR) espera que a tomada de decisão sobre as averiguações preventivas à Spinumviva e a Pedro Nuno Santos “seja rápida”, uma vez que já pediu urgência no tratamento destes procedimentos.
À margem de uma conferência sobre vítimas de violência, em Lisboa, Amadeu Guerra disse que se “perspetivava” que a informação adicional pedida à empresa familiar de Luís Montenegro e também ao líder cessante do PS chegassem ao Ministério Público “eventualmente hoje ou na segunda-feira” – permitindo que, depois disso, não se demore muito tempo até se decidir se há ou não abertura de inquéritos.
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“Como houve campanha eleitoral, aguardámos até depois da campanha eleitoral, para dar a possibilidade de as pessoas apresentarem os elementos. (…) Vou solicitando alguma urgência no despacho final, mas não vou em detalhes de qual é a informação pedida”, afirmou, já depois de responder à Renascença que espera que o tempo até decidir ou não pela abertura de um inquérito “seja rápido”.
Amadeu Guerra adiantou que a informação solicitada foi, “no geral, contabilística”, tanto no procedimento aberto à Spinumviva, como na averiguação preventiva à compra de um imóvel em Lisboa por Pedro Nuno Santos.
Segundo Amadeu Guerra, a questão será "analisada m(...)
Já sobre o inquérito aberto aos vídeos publicados pelo Chega sobre a comunidade cigana, o PGR não revelou em que estado está a investigação ou se há arguidos já constituídos, mas não exclui a abertura de novos inquéritos, a declarações públicas de André Ventura ou de outros membros do partido.
“Na altura em que as declarações são produzidas, nós fazemos a verificação em contexto de ação e abrimos normalmente os inquéritos, quer através da Procuradoria-Geral, quer através de informação da comunicação social, quer através de outros meios”, referiu, para depois clarificar: “O aspeto do racismo podemos fazer sem qualquer tipo de queixa, como é evidente”.
Perante o aumento de casos nas últimas semanas que visam responsáveis políticos, Amadeu Guerra rejeita sentir-se “pressionado” pelos partidos e recorda o próprio percurso para garantir que, neste momento, não há qualquer interferência entre justiça e política.
“Fui diretor do DCIAP durante seis anos, quase nunca me senti pressionado. Tive muitos inquéritos complicados, nomeadamente o ex-primeiro ministro e o BES, e muitos outros mediáticos, e eu não me sinto pressionado por ninguém. Nós fazemos o nosso trabalho, as outras pessoas fazem o deles. Nós respeitamos o trabalho das pessoas dos partidos e eles também respeitam o nosso trabalho”, clarificou.
Vídeos publicados nas redes sociais mostram o líde(...)
Já sobre a Operação Influencer – e os vários inquéritos autónomos que correm, incluindo um sobre violação do segredo de Estado e outro que visa o presidente do Conselho Europeu e antigo primeiro-ministro, António Costa –, o responsável máximo do Ministério Público não adiantou o estado das investigações, mas admitiu que gostava de ver “mais celeridade”, nomeadamente pelos órgãos de polícia criminal (OPC).
“Nem sempre a celeridade depende de nós, também depende dos OPC e os OPC também têm as suas dificuldades. Este inquérito aqui é de investigação dos OPC que estão no DCIAP e, portanto, não visa outros OPC que não os que estão no DCIAP. Estão a analisar a documentação, que a documentação apreendida é muita”, assinalou.
Amadeu Guerra foi ainda questionado sobre o arquivamento, conhecido esta sexta-feira, do processo de violência doméstica ao autarca de Vizela. O PGR não exclui uma reabertura do caso.
"Podem reabrir, sim. (…) Os superiores hierárquicos estão a analisar o despacho de arquivamento e, dentro do prazo da intervenção hierárquica, que são 20 dias sobre o despacho e a respetiva notificação. Têm possibilidade de tomar uma posição relativamente a isto, nomeadamente de mandar fazer outras diligências que entendam que devem ser feitas”, rematou.