23 mai, 2025 - 19:54 • Anabela Góis
Os adolescentes portugueses estão a consumir aditivos alimentares em excesso. A conclusão é da mais recente monitorização feita pelo Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA) sobre a ingestão de aditivos alimentares pela população entre os 11 e os 17 anos.
Os mal-amados “E”, que encontramos nos alimentos embalados, não são nocivos para a saúde desde que não se ultrapasse a dose diária admissível (DDA). Mas nem sempre é isso que acontece.
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Dos 49 aditivos analisados pelo INSA, em 28 a ingestão estimada, com base no consumo reportado, excedeu a respetiva dose diária admissível.
São conservantes, corantes, edulcorantes, antioxidantes que, muitas vezes, estão em alimentos sem qualquer benefício nutricional.
Alexandra Bento, coordenadora do Departamento de Alimentação e Nutrição do INSA, diz que é o caso “dos refrigerantes, batatas fritas, snacks salgados, pastilhas elásticas, rebuçados e das gomas, para além dos edulcorantes de mesa, ou adoçantes”, só para dar alguns exemplos.
E porque não têm valor nutricional, Alexandra Bento diz que “dentro dos produtos alimentares embalados, será um bom princípio retirarmos da nossa alimentação aqueles que não têm benefício para a nossa saúde, porque assim também reduzimos a quantidade de aditivos, e não corremos o risco de ultrapassar a dose diária admitida”.
A nutricionista ressalva, no entanto, que “os aditivos alimentares não são diabos nem anjos. São necessários ou não teríamos alimentos embalados”.
“Se eu quero reduzir a quantidade de aditivos que consumo, porque não retirar do meu dia a dia os alimentos que são perfeitamente supérfluos? Por outro lado, se eu quero fazer um lanche a meio da manhã ou da tarde, posso escolher um iogurte com pedaços ou um pão com queijo ou fiambre e, muito provavelmente, também contêm aditivos mas têm um valor nutricional diferente”, sublinha.
Essencial, conclui Alexandra Bento, é saber ler os rótulos e fazer escolhas inteligentes.
Para o futuro, o INSA quer iniciar a monitorização do consumo de aditivos alimentares por parte das crianças entre os 4 e os 10 anos, outro dos grupos considerados de risco, à semelhança do que já fazem outros países da União Europeia.
Outro objetivo passa por incentivar as escolas a participarem nesta monitorização: para o inquérito de 2024 participaram apenas 16 escolas. Foram tidas em conta respostas de 748 alunos - entre os 11 e os 17 anos –, uma amostra representativa do total nacional.