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Mobilidade urbana

"Parece um leilão". Especialista critica proposta para passes gratuitos em Lisboa

09 jun, 2025 - 11:15 • André Rodrigues

Carlos Oliveira Cruz considera "preferível aumentar a oferta", em vez de se discutir a gratuidade dos passes: "Os utentes queixam-se de falta de informação" e que "a velocidade a que os autocarros da Carris circulam na cidade de Lisboa, tem vindo a diminuir".

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A proposta da candidata do PS à Câmara de Lisboa de tornar gratuito o passe de transportes para toda a população parte de “um diagnóstico correto, mas com propostas e soluções erradas”, defende na Renascença o especialista em infraestruturas de transportes, Carlos Oliveira Cruz.

Temo que, neste momento, na cidade de Lisboa, o principal obstáculo à utilização de transportes públicos não seja o preço, mas seja, de facto, a disponibilidade, a regularidade e a rapidez do sistema de transportes públicos”, adverte este investigador do Instituto Superior Técnico (IST).

Atualmente, o passe Navegante Municipal custa 30 euros para os utentes entre os 23 e os 65 anos e é gratuito fora destes intervalos etários: “é difícil dizer que estes 30 euros são obstáculo económico, até porque na cidade de Lisboa o rendimento médio, per capita, é dos mais elevados do país”.

Já quando se questiona os utentes sobre as principais falhas do sistema de transportes de Lisboa, “aí sim, vêm as queixas de falta de informação, de falta de regularidade, e estas queixas têm suporte nos dados: basta pensar que, nos últimos anos, a velocidade a que os autocarros da Carris circulam na cidade de Lisboa, tem vindo a diminuir”.

Portanto, este especialista do IST insiste que “é aqui que se deviam centrar as medidas, no como é que podemos tornar o sistema de transportes mais rápido, mais eficaz e mais regular... é preferível aumentar a oferta”.

“Se a gratuidade do passe vai custar à volta de 30 milhões a 40 milhões de euros por ano”, Carlos Oliveira Cruz defende que esse valor “deveria ser canalizado para aumentar o número de corredores Bus, a oferta da Carris e a oferta do Metropolitano de Lisboa”.

“Transporte individual deveria ter mais dificuldade"

Na leitura de Carlos Oliveira Cruz, a formulação da medida com que Alexandra Leitão pretende demonstrar que a mobilidade em Lisboa será a prioridade da sua candidatura ao município, “parece uma corrida e um leilão sobre quem dá mais passes gratuitos, ou quem baixa mais o preço”, mas, prossegue o especialista, “os utilizadores de transporte público tendem a valorizar mais a qualidade do que a valorizar o preço”.

Do ponto de vista da comunicação política, o especialista do IST concede que seja preferível acenar com passes gratuitos em vez de prometer melhorias na oferta de transporte público.

Mas lembra que “a necessidade de tornar prioritário o transporte público na cidade de Lisboa vai ter que ser feita à custa do transporte individual”.

“Ou seja, todos aqueles que utilizam o transporte individual deveriam ter mais dificuldade em circular dentro da cidade de Lisboa”, acentua Oliveira Cruz que, contudo, reconhece que isso é um ponto no qual os candidatos “têm dificuldade em tocar”, porque sentem que vão “obrigar os condutores de transporte individual na cidade de Lisboa a perder um direito”.

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