12 jun, 2025 - 15:03 • Isabel Pacheco
O pai de jovem autista iniciou esta quinta-feira uma greve de fome frente ao edifício do Centro distrital da Segurança social de Braga. Em causa está a falta de resposta para o filho de 21 anos que, depois de frequentar a escolaridade obrigatória, não consegue um lugar num Centro de Atividades e Capacitação para a Inclusão (CACI).
“Vou manter a greve de fome”, adiantou Jorge Castro assegurando que está disposto a ir com o protesto “até onde for humanamente possível conseguir”.
“O meu propósito é que haja uma resposta. Já que não tivemos resposta distrital, pode ser que tenhamos uma resposta a nível mais central”, avançou após quase duas horas de reunião com o presidente da segurança social de Braga que não “deu em nada”.
“Não estou aqui a dar a cara apenas pelo meu filho. Estou a dar aqui a cara por todos os jovens que no futuro vão estar nas mesmas condições. Acredito que vamos passar uma mensagem para o governo central e esperávamos uma resposta”, acrescentou.
Depois de repetir três vezes o 12.º ano, o filho de Jorge Castro, ainda, não sabe se poderá voltar à escola no próximo ano letivo. Sem isso, não tem para onde ir.
A história repete-se em casa de Sandra Correia, mãe de David, 19 anos, com diagnostico de autismo severo.
“Eu não tenho onde o por e não posso ficar em casa a viver de 300 euros”, confessava a mãe de Barcelos que percorreu várias Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS)´s, nenhuma com resposta.
“Eu bati à porta de seis IPSS´S. Uma delas tem uma lista de 150 meninos, ou seja, só quando um dos que está lá a falecer entrará outro. Portanto, não é para esta vida. Não é para o meu filho, com certeza. E todas as outras [IPSS´S] têm listas enormes. Não têm nenhuma possibilidade de receber o David” , contou Sandra Correia.
Natália Correia, outra mãe na mesma situação, presente no protesto esta quinta-feira frente ao Centro Social Segurança de Braga, pede soluções em tempo útil.
“Há relatos de listas de espera de anos. Portanto, o tempo das instituições não é o tempo dos pais, nem é o tempo das crianças e dos jovens. Nós precisamos urgentemente destas respostas”, apelou a mãe que integra o movimento “pais em luta” criado há três anos no concelho de Braga que pede mais vagas no centro de atividade e capacitação para a inclusão para responder às necessidades dos filhos com deficiência.