17 jun, 2025 - 12:49 • Liliana Monteiro
Ridicularizado e expostos. Foi assim que Nelson Rosado, do grupo musical Anjos, descreveu ao tribunal o impacto de uma publicação feita pela humorista Joana Marques após uma atuação dos dois irmãos no Moto GP em 2022.
No julgamento que arrancou esta terça-feira no juízo central cível de Lisboa, o cantor foi o primeiro a prestar declarações — que ocuparam toda a manhã. Nelson Rosado fala num 'ruído' que se gerou nas 24 horas seguintes à publicação da humorista e que levaram, depois, ao cancelamento de espetáculos, afastamento de patrocinadores e ao adiamento da gravação de uma música com outra banda conhecida e de sucesso.
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Mas o que o réu diz ter sido pior foi o impacto junto dos filhos na escola. "Diziam-lhes que o pai tinha assassinado a canção do hino nacional", disse. "Uma manipulação clara de um conteúdo que gerou uma onda de bullying."
Nelson Rosado descreveu ainda o impacto que o sucedido teve na sua saúde, fruto também do ódio das muitas mensagens que passou a receber. "Estive dois dias sem conseguir dormir. Passado um ano, procurei um psicólogo amigo que me recomendou um especialista e passei a tomar medicação forte para conseguir dormir. Não o desejo a ninguém. Tomei medicação que é dada a pessoas com depressão", disse.
O réu afirmou ainda que o caso destabilizou a sua vida familiar.
Durante a manhã, Nelson Rosado foi questionado pela juíza por várias vezes sobre como sabia que o impacto que relatava tinha surgido por causa da publicação, tendo em conta que a atuação também foi divulgada pelos promotores e por outros meios. O artista relatou que os efeitos após a publicação foram imediatos e mostrou-se ainda magoado pelo facto da humorista, num espetáculo do Extremanente Desagradável, ter voltado ao assunto perante largas centenas de pessoas.
No início da sessão, o tribunal pediu informações sobre os danos que são alegados. Nelson Rosado afirmou que dos 35 concertos que tinham para 2022, 11 acabaram cancelados.
Ao longo do seu depoimento, o artista deixou sempre um sublinhado: "Respeito o trabalho da Joana, mas não gostei do que fez"', disse, recordando que tentou contactá-la, chegando a enviar cartas a pedir que retirasse o vídeo em questão onde fazia humor "dando a entender que não sabíamos cantar o hino".
"Não acredito que ela tivesse noção do que podia ter causado", acrescentou, afirmando que o direito à liberdade de expressão não é isto.