17 jun, 2025 - 11:09 • Liliana Monteiro , Cristina Nascimento
A humorista Joana Marques lamenta que o tribunal esteja a perder tempo com o julgamento que a opõe aos cantores Nelson e Sérgio Rosado, conhecidos como Anjos.
À entrada para a primeira sessão do julgamento, a humorista, que chegou acompanhada do marido Daniel Leitão, prestou declarações aos jornalistas.
“Lamento estar também a fazer perder o vosso tempo. Acho que estamos todos a perder tempo útil. O meu não é especialmente valioso, portanto, também não tenho problema em estar aqui estes dois dias. O tempo do tribunal, se calhar, poderia ser um bocadinho mais bem aproveitado para outras questões”, disse.
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A humorista revelou ainda ter “muita coisa para dizer”, explicando que “foi tomando muitas notas ao longo deste ano” e assegura que falará sobre “isso tudo em sede própria”.
Sobre as alegadas tentativas de conciliação, Joana Marques nega que tenham existido.
Justiça
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“Nunca existiu, na verdade, assim, uma tentativa de conciliação. O pedido é o mesmo desde início, que é retirar o vídeo e pronto. Portanto, nunca houve propriamente uma tentativa de acordo porque o pedido foi sempre o mesmo desde o primeiro momento”, assegura a humorista.
Ao contrário da humorista, os irmãos Nelson e Sérgio Rosado não prestaram declarações aos jornalistas presentes no Palácio da Justiça, em Lisboa.
Prestadas as declarações, as duas partes entraram na sala e a sessão iniciou com a juíza a decretar que o julgamento será aberto ao público, ao contrário do que pretendia a humorista. Além da sessão desta terça-feira, está também marcada nova sessão para quarta-feira, 18 de junho.
O primeiro a depor foi Nelson Rosado, que acusou Joana Marques de fazer uma manipulação clara do conteúdo que foi publicado na conta de Instagram da humorista. O cantor garante que, em 2022, viram cancelados 11 dos 35 concertos que chegaram a ter marcados, atribuindo esse cancelamento à publicação da humorista.
O caso remonta a 25 de abril de 2022, altura em que a humorista usou as redes sociais para partilhar um vídeo que resultava de uma montagem da atuação dos cantores a interpretar o hino nacional antes do arranque da prova de MotoGP, no Autódromo Internacional do Algarve, com comentários dos jurados do programa de talentos "Ídolos".
Em comentário e legenda do vídeo, a humorista escreveu: “Será que foi para isto que se fez o 25 de abril?”.
Os músicos não gostaram e, na reação, através da empresa Angel Minds – Gestão e Promoção de Espetáculos Lda., avançaram para a justiça e exigem agora o pagamento de mais de um milhão de euros pelos danos que dizem ter sido provocados por tal publicação.
Os Anjos alegam que sofreram perdas financeiras, com cancelamento de espetáculos e outros trabalhos, e danos na reputação. Referem ainda danos patrimoniais sofridos por duas sociedades: uma sociedade indiretamente detida pelos Anjos que explora a respetiva atividade profissional e outra sociedade detida pelo agente dos Anjos.
O tribunal irá apurar se o comentário feito cabe nos limites legais da liberdade de expressão de um humorista ou se excedeu essa liberdade, ferindo direitos de personalidade dos Anjos. Avaliará também se houve intenção de Joana Marques de difamar os Anjos, de os sujeitar a chacota pública e de lhes causar prejuízos.
Tentará ainda apurar se os Anjos tiveram efetivamente todos os prejuízos pessoais e profissionais que reclamam na ação; e, caso se apurem danos, determinar se estes foram causados pela publicação da humorista ou pela transmissão da atuação da banda na abertura do MotoGP de 2022.