18 jun, 2025 - 12:00 • Liliana Monteiro
Os Anjos nunca desafinaram ao cantar o hino nacional — esta é a opinião de um dos peritos ouvidos esta quarta-feira em tribunal. O testemunho do maestro e músico Nuno Feist marcou o arranque da segunda sessão de julgamento que opõe a dupla musical Anjos à humorista Joana Marques, e que decorre no Juízo Central Cível de Lisboa.
Num depoimento de meia hora, o maestro deu o seu parecer, pedido pelos dois cantores e irmãos, relativamente à qualidade da atuação dos Anjos antes do arranque de uma prova de MotoGP, no Autódromo Internacional do Algarve, em 2022. Essa atuação, durante a qual a dupla cantou o hino nacional, foi mais tarde partilhada por Joana Marques. Sérgio e Nelson Rosado pedem uma indemnização de mais de um milhão de euros à humorista pelos danos causados.
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As primeiras palavras do maestro foram: "Aquilo foi caótico", disse ao referir-se ao vídeo sobre a atuação e ao momento em que os irmãos Rosado cantaram o hino nacional. Uma coisa foi a transmissão da Dorna, defendeu a testemunha arrolada pela banda, outra o áudio in loco. “Compreendo pelo vídeo a reação que as pessoas estão a ter, mas sei que não corresponde à verdade.”
Julgamento entre Anjos e Joana Marques começou com(...)
"Pensei, isto não são os Anjos que eu conheço!", afirmou Nuno Feist.
Ao tribunal garantiu que depois de avaliados o ritmo, a melodia e a harmonia, a atuação não teve qualquer desafinação. "As harmonias não são as mais óbvias, mas encaixaram no que é o hino nacional" e "não houve desafinação".
Nuno Feist acrescentou que o ritmo foi constante, teve melodia, os Anjos começaram e terminaram no tom e defendeu que a prestação no local e aquela que foi transmitida não coincidiam. Questionado sobre se a montagem feita pela humorista deturpava ainda mais o original, respondeu: "Não consigo dizer que não nem que sim."
Lamentou de seguida o facto de ser possível as "pessoas serem violentamente agredidas na internet por coisas de que não tiveram culpa", questionando: "Como é que uma questão técnica pode 'lixar' a atuação e vida de uma pessoa?"
Crítico do trabalho da empresa que fez a transmissão da atuação, o maestro disse que não houve trabalho de equilíbrio de vozes. "Se o técnico tivesse sido bom isto não tinha acontecido."
"Foram erros técnicos alheios aos cantores", afirmou também Sérgio Antunes, da direção técnica da Média Pro International, a quem também foi pedido um parecer. Ouvido como segunda testemunha, falou de delays na transmissão e de um loop que fizeram da transmissão algo diferente do que na realidade foi cantado.
"A mistura é muito pouco musical, harmónica, não faz nenhum sentido. Já para não dizer que houve erros de broadcast mesmo, um delay que houve, um loop que é bastante audível”, defendeu num depoimento feito através de videoconferência.
O técnico, com 25 anos de experiência na área, considera que o vídeo adulterado por Joana Marques "foi para ridicularizar", sublinhando que a transmissão não foi tão má como o vídeo da humorista.Julgamento será aberto ao público, apesar da defes(...)
A sessão encerrou às 14h00 para almoço e está prevista a audição de mais cinco testemunhas da parte da tarde. Também no dia 30 de julho está prevista a audição de outras cinco testemunhas.
Ainda não há data para a audição de Joana Marques, a ré ainda não terá solicitado ao tribunal para falar.